Em abril passado o jornalista Matheus Pichonelli escreveu na Carta Capital uma bela crônica sobre a saga de um cidadão que vai comprar um apartamento. [leia aqui]
Há tempos tenho dito que o brasileiro, nos últimos 20 anos, aprendeu a comprar o carro, mas ainda não aprendeu a comprar a casa.
Isto se deve, em boa parte, a problemas de formação (educação, sim, educação), acesso a emprego e renda, acesso ao crédito (de fato o principal, talvez único, motivo de ser do MCMV), ao modelo de urbanização e construção de nossas cidades, desequilibrado e oneroso.
Mas, se deve também ao modelo de negócio, ao baixíssimo, indigente índice de investimento em pesquisa e desenvolvimento por parte da cadeia produtiva, e à falta de criatividade e sensibilidade na oferta de novos produtos.
Não adianta apenas demonizar o “mercado” ou vitimizar a “sociedade” sem explicitar que a questão é simples, mas não simplista.
Que é sistêmica, não binária.
E que exige posicionamentos claros, como por exemplo,
quantos e quem queremos incluir na cidade que “funciona”?
Quem queremos que pague a conta?
Como será feita a divisão de ônus e bônus?
Por que projetos só para dentro do lote?
Quem projeta, constrói e paga a cidade?
Como diz um amigo, cidades para que(m)?
Como diz um outro… arquitetura para todos, construindo cidadania!
Valter Caldana