Hoje tive uma tarde boa, encontrei muitos amigos.
Achei estimulante ver e ouvir a felicidade nas rodinhas, a felicidade de quem chegou ao poder por se sentir finalmente representado. A felicidade de um grupo que ganhou as eleições, derrotou o passado, acendeu uma luz no fim do túnel, empoderou gente honesta, humanista, sensível, de passado limpo e que combaterá a corrupção com vigor e transparência, deixando inclusive aliados seus irem para a cadeia. Gente nacionalista que sabe valorizar a educação, a cultura e a ciência e tecnologia. Gente que vai parar de lotear cargos, de fazer um presidencialismo de coalização torpe e corrupto, imoral…
Pude ver e ouvir a felicidade única de quem participou de um embate eleitoral duríssimo, defendeu programas claros em praça pública, leu, escreveu, foi às ruas, praças, escolas, universidades, foi aos rincões mais escondidos do país, foi às regiões mais afastadas das cidades para apresentá-lo e defendê-lo, para cativar e seduzir o outro para suas qualidades e, no fim, venceu. Enfim, a felicidade dos poderosos.
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A felicidade reinante era tanta que um deles até me disse “estamos com um governo novo há três dias e nada mudou na minha vida… a não ser o fato de que agora entendo o que o presidente da república fala.” Tentei argumentar algo do tipo falar coisa com coisa é uma paga bem pequena por uma ofensa tão grande à Democracia e ouvi, “mas o que você queria?!” Ao responder “respeito ao resultado das urnas e ao pacto democrático eleitoral burguês” recebi como resposta: ah… aí a conversa acaba…
Nesta hora, como na cena da moedinha de “em algum lugar no passado”, depois de me entorpecer com tanta felicidade me dei conta… puxa, mas não foi assim!
Valter Caldana