Amadores clandestinos

Por falar em carne, matadouros, frigoríficos e fiscalização…

Minha primeira tarefa como estagiário do estratégico CEPAM, em 1984, foi ir até a Fundação SEADE, outra maravilha da inteligência do Estado de São Paulo, fazer um levantamento sobre os frigoríficos e matadouros clandestinos no estado.

Lá fui eu, orgulhoso do primeiro trabalho de campo oficial…
Lá chegando, uma senhora muito amável responde à minha complexa pergunta sobre onde pode ser que eu poderia quem sabe encontrar alguns dados sobre, a senhora sabe, frígoríficos e matadouros, mas só que tem que ser em todas as cidades do estado, quer que eu explique de novo? (Pergunta de estagiário novo, não pode escapar nada…)
_ O que você quer está ali! Apontando para um armário cinza da Isma, destes de duas portas grandes, 2,20 de altura e cinco andares de pastas suspensas…
(Não se esqueçam que neste momento Bill estava ainda sendo alfabetizado….)

Pois bem, 571 pastas, uma para cada município (da época) com o resumo de todos os seus dados estatísticos… descobri que estava diante do HAL do Estado de São Paulo…. Aquele armário tudo sabia!!!

Levei horas para decidir se tiraria pasta por pasta do armário, manusearia-a e devolveria-a ou se eu tiraria pequenos conjuntos, de três por exemplo… ou cinco. Ou se usaria o critério da espessura e peso pois cada pasta as tinha na proporção do tamanho da própria cidade… E o desafio era devolver na mesma ordem alfabética imaculada que ali estava (claro que não eram numeradas).

No segundo dia da pesquisa, e só no final do segundo dia, me dei conta que, caramba, se tinha na ficha o número de matadouros e frigoríficos clandestinos de cada cidade, como poderiam ser clandestinos???!!!!

Foi minha primeira lição no estágio, onde aprendi que a gestão pública não é para amadores, nem estagiários.

Valter Caldana

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