segue de Um assombro nas marginais
Ainda sobre as sobre as marginais…
Sim, elas são estratégicas para o desenvolvimento urbano da cidade. É alvissareiro que finalmente se desperte para isso. Só que…
Só que em função do apagão urbanístico que vivemos se está agora pensando nas marginais com parâmetros da década de 1970, de novo!!!
É como um sujeito que sai do coma 40 anos depois e só consegue ver o mundo a partir de seus próprios parâmetros. É pior que Adeus Lênin!!
É o que explica, por exemplo, pensarem em vender glebas (Anhembi e outras) ao longo delas num lóbulo do cérebro e privatizá-las (ou seja, dar-lhe vida própria) no outro lóbulo…
Como se não houvesse nenhuma relação entre o rio, as marginais, as glebas e os terrenos lindeiros, a cidade, a qualidade de vida do cidadão e, de quebra, uma montanha de dinheiro que este sistema junto pode gerar.
Montanha de dinheiro esta muito maior do que os montinhos que a operação fragmentada pode imaginar… Sendo que, para piorar, a operação fragmentada não altera a matriz de crescimento da cidade, ao contrário, a reafirma. Ou seja, joga tudo no colapso!!!
Não dá, no século XXI, para fazer planejamento setorial… Se ele existiu mesmo, morreu há meio século… Só no Brasil seu fantasmo continua circulando.
As marginais foram feitas num momento em que se julgava correto atravessar uma cidade, veja bem, ouça bem, cheire bem, uma cidade (!!!) com uma auto-estrada! Em que ainda se achava que era uma benção termos tantos córregos para poder fazer avenidas bem baratinho.
Para poder fazer avenidas bem baratinho para que pudessem correr “ominibus” sobre pneus ao invés de sobre trilhos para que eles chegassem mais rápido a terrenos também bem baratinhos, cada vez mais longe da… cidade!!
Pois bem. Este período, a meu ver, tem imunidade plena. Não cabe julgá-lo. Mas cabe analisá-lo e, pelo amor de Deus, aprender com ele!!
Por isso, a simples ideia de que as marginais possam ser privatizadas assusta. Não pela privatização, mas por sua perpetuação!!
Em 1998 (vinte anos!!!) no contexto do Concurso de Reestruturação da Marginais promovido pela Prefeitura e organizado pelo IAB e ABAP (fui o arquiteto consultor junto com Rosa Kliass e Luciano Fiaschi) já propúnhamos que as marginais fossem administradas por um ente específico.
Um ente que congregasse as três esferas de governo e as quase trinta (30!!!) empresas públicas, mistas e privadas com atuação sobre a área… Portanto, não é novidade.
Só que, na época, propúnhamos um ente executivo, uma espécie de Authority, uma agência com orçamento próprio e capacidade de ordenar o território e não apenas faturar com ele…
Objetivo final… urbanizar (!!!) a área.
E, olha… era governo Pitta.
continua …
Valter Caldana
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