A primeira campanha eleitoral que me lembro de ter participado com minhas pernas e não no colo de meus pais (tadinhos…) foi para o Senador Orestes Quércia.
De lá para cá tanta água rolou… vitórias, derrotas. Mas o saldo era extremamente positivo. Sempre me senti parte de uma geração vitoriosa.
Se comparássemos o Brasil de 1974 com o de 2014, tínhamos tudo para nos orgulharmos, pensava eu, apesar de consciente de ‘uns probleminhas’ de infra estrutura, talvez os dois principais deles a equivocada opção pelo ensino superior privado no governo FHC e a falta de uma política de desenvolvimento industrial consistente, sobretudo no governo Lula (que, por sua vez, também não reverteu completamente a opção do governo anterior na educação).
Mas, seja como for, uma ou duas gerações vitoriosas.
Pleno emprego, país trabalhando, todos com seus projetos pessoais em marcha, país bem posicionado e respeitado internacionalmente, resgate da dívida social em andamento com vitórias expressivas em especial contra a fome e na criação de baixos circuitos solidários de criação de emprego e renda, fundamentais para o resgate da dignidade e da cidadania.
Pois bem, a grande lição disso tudo, que se sacramentou ontem com a votação, em silêncio, pelo senado federal do fim das garantias sociais mínimas aos mais pobres e mais frágeis, é que nunca subestime a força da soma dos interesses pessoais e individuais contra os interesses coletivos.
A soma dos interesses pessoais e individuais sempre vence, e exerce seu poder como puder até levar o sistema à exaustão, com suas práticas extrativistas.
Cria-se, então, um hiato de resgate e recomposição para, em seguida, retomar o curso natural das coisas, a lei da selva, onde manda (e janta) o mais forte.
Tudo isto, todo este mimimi para dizer que, juro, não esperava ver o desmonte de 40 anos de trabalho, de pelo menos duas ou mesmo três gerações, se liquefazerem em apenas três anos…
Não vai ter copa!
Valter Caldana