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A nossa indigência política nos trouxe a uma terrível crise econômica mas, mais grave, nos condenou a uma perversa incapacidade de desenvolvimento de raciocínios e críticas complexas. Mesmo o reducionismo binário tem sido difícil de ser alcançado, por mais versátil que seja. Não conseguimos ver uma boa ideia nem assim: 00110011.

O caso dos preços públicos, por exemplo…

Se estabeleceu mais uma discussão rasa. Preços públicos liberados x preços públicos controlados. Um, realista. Outro, populista. Ponto final.

Mais uma vez se estabelece a inoperância dos extremos.

Preços públicos estratégicos controlados são demagógicos não por serem controlados, mas quando o governo que os controla é demagogo. Já preços públicos estratégicos liberados só são liberais se o Estado, mais que o governo de plantão, for liberal.

Por outro lado, preços públicos estratégicos controlados são instrumento de políticas públicas de desenvolvimento quando o governo que os controla as tem (as políticas públicas de desenvolvimento) e sabe propô-las e administrá-las junto com a sociedade.

Isto vale dos excessos de Dilma nos combustíveis ao congelamento da tarifa dos ônibus do Dória (que custou ao município mais de um bilhão de reais por ano a mais no subsídio), passando pela PPP da linha amarela do Alkimin que garante o complemento do faturamento no caso de queda de arrecadação tarifária da linha…

Nosso problema, portanto, não está nem nas estatais estratégicas, nem nas tarifas que elas cobram. Está na coerência ideológica, na transparência do processo, nos objetivos das políticas públicas, na qualidade dos quadros e na eficiência da ação de quem nos governa.

Valter Caldana

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