Diálogo de Surdos

Sexta feira passada participei de um excelente seminário promovido pela Secretaria do Verde e do Meio Ambiente da Prefeitura sobre a importância da preservação e do tombamento do patrimônio.
Ao final, fui severamente repreendido por uma participante do seminário por ter usado a expressão “cria-se um diálogo de surdos”.
Confesso que um pouco atordoado, eu obviamente me desculpei com toda a sinceridade por tê-la ofendido ou a quem que que fosse, presente ou ausente na ocasião.
E esta é a pura verdade. Quem me conhece ou convive comigo sabe que ofender por acaso ou por metáforas está longe de meu modo de ser…
Ademais, como gordo, ou obeso mórbido como gostam de dizer os especialistas (ainda bem que em italiano mórbido quer dizer macio…) sou mais do que treinado a conviver com o preconceito, a inadaptação e até mesmo a agressividade difusa da sociedade com o que é ‘diferente’. Mas, também, com a empatia, a misericórdia e a solidariedade.
Por isso mais do que compreendo, me solidarizo com a senhora que se sentiu ofendida por eu ter usado uma expressão idiomática consagrada.
Mas, no trânsito do caminho de volta, refletindo muito sobre o ocorrido, me ficou a certeza de que, gordo ou surdo, o que vale é eu poder falar e ela poder reclamar, e vice-versa.
E ambos aprendermos a fazer melhor.

Valter Caldana

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