A praga das feirinhas

Linda manhã de sábado em São Paulo, dia de visita à Oca, exposição Flavio Império.
A Oca é sempre um espetáculo!
Arquitetura sóbria, radical, sintética. Ao lado da Catedral de Brasília considero o projetos mais importante para entender e se apaixonar por Niemeyer. Pura emoção
Sempre que lá retorno fico emocionado. Projetar a ocupação daquele espaço foi um privilégio.

Mas o assunto aqui é outro.
Depois da visita resolvi dar um passeio pela marquise.
Outro espetáculo de arquitetura, um show de urbanidade.
Notei de cara umas destas indefectíveis feirinhas de coisas de mal gosto ocupando o centro do passeio.
No entanto, ainda enlevado pela visita à Oca, condescendente pensei: não seja chato, radical… olha que bonito as mamães, os carrinhos de bebê, as crianças em bicicletinhas (aprendi a andar de bicicleta aqui)…

Jovens namorando, outros andando de skate, todo mundo junto, misturado. Pura urbanidade, a cidade como ela deve ser!

Arquitetura para todos, construindo cidadania, pensei eu.
Eis que de repente surgem alguns agentes da lei e da ordem, guardas civis metropolitanos, armados, numa camionete cabine dupla tinindo de nova. Em seguida chega uma carrinho elétrico, desengonçado e bonitinho e da caçamba o eficiente funcionário, sob a “proteção” dos GCM retira alguns cavaletes, fita e começa a colocar ordem no galinheiro.

Distribui os cavaletes e passa a fita de modo a impedir o fluxo normal de pedestres e afins, protegendo a feirinha do incômodo de ter transeuntes, incusive skatistas (…ah este deve ser o problema!…) muito perto de si.

Enfim, acabaram com a paz do local. Quebraram o clima. Transformaram a marquise num lugar comum e nela flanar, num transtorno. As pessoas passaram a ter que passar pela terra para seguir em frente, inclusive com patins, até mesmo com os carrinhos de bebê.

E tudo isso para que? Para não atrapalhar a feirinha… Uma feirinha que sequer deveria estar ali. Chega destas feirinhas ocupando indevidamente os espaços públicos da cidade.

É assim que começa. Pequenino, colocando fitas e cavaletes… Daqui a pouco, aparece outro coelho neste mato sugerindo colocar grades na marquise …

Por isso fica a dica:
Prefeito Haddad, guarde um tempo para cuidar dos problemas de tostões, assim como reorganizar e redirecionar a CGM, qualificar e cuidar dos espaços públicos, e não se deixe levar apenas pelos problemas de bilhões.

Valter Caldana

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