PAU PODRE

O febeapá é interminável.
E traz consequências terríveis, em todos os campos.
No campo da memória e do pertencimento, condição necessária para a qualidade de vida humana, por aqui a coisa foi para o brejo há muito tempo. Nem o Largo da Memória escapou.
Neste caso que o Al Goritmo me traz à lembrança, se não me engano, a intenção do brevíssimo prefeito de então era privatizar um bairro e batizá-lo de pequena Corea.
O que é um contra senso liberal pois você não batiza algo que você vendeu. Os novos donos poderiam querer chamá-lo do que quisessem. Poderiam querer chamá-lo de K’Pop Square, Sansumg Park ou mesmo de LG Beach, por exemplo… quem sabe de HB30.
Mas, a coisa vem de longe. Temos o caso da Ponte Pequena, importantíssimo nome que foi suprimido da memoria urbanística do paulistano, essencial, junto com a Ponte Grande, para entender a estrutura da cidade.
Sem falar de tantos outros casos que ou mudaram de nome de forma irresponsável ou contraditória, como ocorreu ao se substituir o nome de um ditador do elevado construído pela ditadura, ou sofreram atentados urbanístico-rodoviaristas como a Praça Portugal e a Praça Itália. Dois povos e países que ao lado de indígenas, negros e nordestinos fizeram e fazem a força atávica de nossa cidade.
Falar da Barra Funda ou da Água Rasa é perda de tempo, como soaria idiota sugerir que se poderia pensar num paisagismo baseado em araucárias e pinheiros em algum ponto da cidade. Alguém diria: ora, vamos fazer um viveiro de Perdizes e vamos demolir a Pompeia, como se ali houvesse acontecido um cataclisma.. bem este último já aconteceu. E não foi só em um único bairro.
Mas, enfim, vamos apenas falar da memória dos povos ancestrais e originários, pauta identitária tão corretamente cara no momento, em especial aos jovens, o que nos enche de esperança.
Como eu disse em outro post, nem Santa Rita de Sampa, nem nós e nossas memórias afetivas culturais e espaço-territoriais merecemos apanhar tanto de ibirapuera, de pau, podre…

Valter Caldana

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