Esta frase, a meu ver, tem (no mínimo, sempre) duas possibilidades de compreensão.
A primeira, que parte do princípio de que a polarização é uma excepcionalidade, algo que nunca houve no Brasil e que se instalou como uma condição transitória, temporária, conjuntural. E que se pode – e deve – acabar com ela.
A segunda, que parte do princípio de que a polarização no Brasil sempre houve, é permanente e estrutural (como em todo o planeta e em toda a história da humanidade) e que insistir em que a mesma deve acabar é um simples esforço retórico e comunicacional para desviar o foco das atenções e das análises sobre a conjuntura do país.
Como sempre digo, quando se tem duas possibilidades, se tem, necessariamente, uma terceira, a junção das duas, e uma quarta, a dupla negação, e todas as suas combinações.
De objetivo, para mim, resta apenas uma coisa.
É chegada a hora de parar de falar em bolsonarismo e nominar a extrema direita com seu nome de família e de batismo – extrema direita – para que, ao menos, se saiba com quais agentes políticos se está lidando.
É necessário, inclusive, para preservar a identidade e a dignidade da direita e da centro direita, sempre hegemônicas no Brasil desde 1889.
E cabe aos jornais, sobretudo os jornalões, pararem de confundir e polarizar.
Sem polarização.
Valter Caldana
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2023/03/secretaria-da-mulher-mantem-bolsonarismo-raiz-aceso-na-gestao-tarcisio.shtml