Eleições no CAU

Como o conjunto de heroicos leitores deste blog não é composto só por profissionais arquitetos e urbanistas, me desculpo antecipadamente se o assunto abaixo não for de interesse geral.

Só que é.
Trata-se das eleições para o Conselho de Arquitetura e Uranismo.

É assunto de interesse geral pois cabe aos Conselhos Profissionais cuidar dos interesses públicos e da sociedade em geral frente ao desempenho da profissão e dos profissionais que os mesmos regulamentam.

Ou seja, cabe ao CAU cuidar dos interesses da sociedade e não da CORPORAÇÃO.
Parece uma espécie de sonho de uma noite de verão, mas o fato é que é assim que deve funcionar.

De modo geral no Brasil, salvo em raras ocasiões, os Conselhos adotam posições corporativistas, herança de um período getulista onde a organização das profissões foi altamente tutelada pelo Estado. Ainda hoje os Conselhos têm status de autarquias. E tem mandato do Legislativo para se auto-regulamentar com força de Lei, um privilégio único em nossa sociedade e uma distorção sem tamanho.

Discussões jurídicas à parte, o fato é que por discordar desta posição cartorial, hermética e burocratizante um grupo grande de arquitetos lutou, durante 50 anos (!!!) por um Conselho próprio, que conseguisse se manter minimamente dentro dos conceitos maiores da regulamentação profissional, e longe da criação de mais um cartório corporativo a incomodar profissionais e cidadãos.

Há três anos este conselho foi finalmente criado e vem sendo montado. Infelizmente, no estado de São Paulo o mesmo vem assumindo a antiga forma cartorial, burocratizada, corporativa e distante da sociedade que sempre pautou nossas críticas ao sistema Confea/Creas. Por isso um grupo de conselheiros se colocou na oposição desde o primeiro instante.

O que se quer é um CAU ágil, desburocratizado, onde valha a palavra do profissional, sob as penas da Lei.
Um CAU atuante junto à sociedade nos grandes temas nacionais e regionais e não apenas preocupado em se retro alimentar de burocracia e benesses, ampliando sua base de sustentação baseado na reprodução dos piores vícios da política oficial nacional.

Um CAU que discuta COM A SOCIEDADE, que é seu motivo de existência, da falta d´água ao Minha Casa Minha Vida, da carência de projeto e qualidade nas obras públicas à transparência nos processos licitatórios.
Isso sem falar nas questões básicas do ensino (como o estágio precoce que explora estudantes e os afasta de sua formação plena) e no exercício ilegal da profissão, em especial em prefeituras que insistem em manter profissionais das mais variadas e inusitadas formações decidindo os rumos dos projetos de habitação e desenvolvimento urbano das cidades em que moramos.

Amanhã haverá eleições (obrigatórias) para o Conselho.

Por se tratar de uma eleição profissional, é óbvio que temos amigos nas três chapas, nas duas da situação e na da oposição. E o sistema é proporcional, ou seja, cada chapa elegerá uma bancada proporcional aos votos que obtiver. Não obstante, escolher uma delas é importante para que a mesma tenha capacidade de articulação adequada durante todo o mandato.

A situação – rachada – disputa através de duas chapas. A oposição lança a chapa ARQUITETURA PAULISTA 2015, que apóio e onde sou candidato a Conselheiro Suplente e peço o voto dos colegas aqui da lista.

Obrigado,

Valter Caldana

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