Locação Social

HIS – Habitação de Interesse da Sociedade

A Câmara Municipal aprovou Projeto de Lei definindo o Programa Municipal de Locação Social.

Aos interessados no assunto, esta é uma Lei que pode alterar os rumos da questão habitacional e do mercado imobiliário na cidade. Pouca atenção se deu.

Ela precisa ser complementada, com urgência, pela aprovação de uma Lei do Retrofit, uma revisão das normas referentes às envoltórias, alterações específicas no código de obras, um acordo com os bombeiros e, por favor, a aprovação do Plano Municipal de Habitação que está pronto e parado na Câmara.

Parece muita coisa, mas não é. São coisas simples de serem atingidas com um bom diálogo e muita vontade política dos agentes envolvidos.

Uma boa promessa de ano novo para prefeito, secretários, vereadores e lideranças da sociedade envolvidos com o tema.

‘Vamolá’ turmá!!

Valter Caldana

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Cargos e pessoas

Na História existe um movimento pendular entre cargos e pessoas. Há pessoas que dignificam cargos e cargos que dignificam pessoas.

O Brasil inventou um movimento paralelo, como sempre com muita bossa: são as pessoas que embosteiam os cargos e os cargos que corrompem as pessoas.

E se entregou voraz e voluptuosamente ao deleite de sua invenção.
Afinal, não existe pecado do lado de baixo do equador e nesta terra, em se plantando, tudo dá.

Valter Caldana

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Túnel do Tempo

Ontem, conversando com um repórter sobre a privatização do Ibirapuera…

_ Quantos anos você tem?
_ 27
_ Quando a concessão acabar você será mais velho do que eu 5 anos.
_ Nooossa…

Valter Caldana

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Tarifa do Transporte: quem paga quanto?

ou como tanta gente paga sem saber que está pagando

Tarifa dos transportes públicos, em especial dos ônibus urbanos.

Este assunto é mais amplo e complexo do que parece e, para ser franco, estou um pouco cansado de ver questões conjunturais serem tratadas e valorizadas como se fossem estruturais.

No caso da tarifa, o que se discute realmente não é o seu valor, mas o nível e a quantidade do subsídio. E isto não é explicado com clareza para a sociedade.

Como não é explicado com clareza o custo real do sistema nem tampouco suas formas e meios de financiamento.

Muito menos é explicado por que dez anos quase para uma licitação terminar e por que só as mesmas empresas participaram.

Por isso tem este monte de ‘carrodependentes’ achando que a tarifa é problema dos outros, e mais um monte achando que é problema de pobre. Não sabem, pobres tolos, que é tão problema deles quanto daqueles.

Por outro lado, dizer que a prefeitura está numa situação de caixa confortável para não aplicar o aumento é um simplista em excesso e totalmente conjuntural.

Não aplica agora para aplicar um maior depois, ‘belaroba‘. Impacto maior, desarranjo maior.

Ou a sociedade e Conselho Municipal de Transportes assumem seu papel integralmente, ou vai serão sempre validadores de fatos consumados de uma política pública perversamente mal elaborada, seja aceitando-os, seja esperneando.

Valter Caldana

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O combinado não é caro

ou a confusão que se instala
quando não vale o escrito

Nos últimos tempos o Ministério Público e a Justiça interferiram em praticamente todos os projetos públicos ou privados de pequena, média e grande importância que estão ou estariam acontecendo na cidade.

Não vou discutir aqui os resultados destas ações, mas o seu significado.

Ao invés de preservar os interesses difusos da sociedade, sua missão mais nobre e importante, o MP e a justiça correm o risco de, involuntária e inconscientemente, se tornarem instrumentos de interesses corporativos e de grupos.

A sociedade brasileira está descobrindo a importância da arquitetura e urbanismo na construção da sua qualidade de vida com pelo menos, no mínimo, meio século de atraso. E ainda tem muito feijão para comer antes de começar a entender a real magnitude do assunto.

Isto já é, por si, um enorme problema cujos efeitos sentimos cotidianamente do ônibus lotado ao esgoto malcheiroso, da falta de creche à eleição do presidente, do quarto mal iluminado ao colapso dos pronto socorros. No entanto, esta judicialização nos moldes em que está se dando, piora o quadro ainda mais, por distorce-lo.

Quando dizemos que a cidade não é resultado, é resultante, o que se está tentando explicar, com a devida vênia e muita paciência, é que o sistema de forças que produz a cidade é dinâmico e é de sua interação que surge a energia da evolução.

Porém, a judicialização, como está se dando, está retirando do sistema judiciário seu caráter de força moderadora desta dinâmica, coibindo abusos, e colocando-o na desconfortável posição de parte, o que levaria a uma posição de impositura. Seus agentes estão assumindo, creio que sem perceber, a posição de litigantes, porém sem ter a base conceitual e doutrinária sobre o tema adequadamente consolidada em seu meio.

Aparentam não ter compreendido ainda que qualquer ação sobre o espaço, o lugar e o território são fruto de um modo de entendê-lo e desejá-lo a partir de parâmetros que tem origem econômica, política, social, cultural e, por isso, ética, conceitual e ideológica.

Assim sendo, ao invés de procurarem garantir, por exemplo, a adoção e o aperfeiçoamento de mecanismos participativos na elaboração de projetos, assumem um lado. E, ao assumirem um lado, desavisadamente, assumem um desenho. Um desejo, um arquétipo, um resultado. E não uma resultante.

Trocando em miúdos, ações e decisões estão sendo tomadas sem o devido lastro técnico específico e especializado e baseadas numa antevisão não explícita de cidade, que se forma através do exercício de parâmetros e critérios oriundos de uma vivência urbana empírica e sensível de um determinado segmento social específico.

Como esta judicialização, me parece, veio para ficar pelo menos por um bom tempo, necessidade deste processo de amadurecimento tardio da compreensão coletiva da importância da arquitetura e urbanismo, creio que vale alertar para alguns pontos.

O primeiro deles é que, da maneira como está se dando, há uma não explícita imposição de um tipo de cidade, de um resultado e não de uma resultante.

Outro aspecto é que, paradoxalmente, esta atuação está diluindo, ao contrário de fortalecer, o papel dos instrumentos participativos que já existem e ofuscando a possibilidade de seu aperfeiçoamento e empoderamento. Assim como diminuindo a possibilidade do surgimento de novos e mais eficazes instrumentos.

Afinal, cada vez que MP e a justiça questionam amiúde decisões que foram aprovadas em esferas técnicas e políticas do executivo e do legislativo e aprovadas em conselhos participativos específicos como o Conpresp, o Condephaat ou o Consema, entre tantos outros, estão, aos olhos da sociedade, diminuindo sua importância e acelerando sua inservibilidade e obsolescência. Transformam-nos de assessores na tomada da decisão em acessórios indesejáveis do processo decisório.

Por outro lado, esta mesma postura também fragiliza a posição do próprio MP e da justiça pois ao serem dessacralizado pelo excesso de uso, perdem sua eficácia, se confundindo com instrumentos convencionais.

É preciso recuperar, melhorar e elevar a qualidade da legislação e dos instrumentos de descentralização e participação, tornando qualquer ação mais legítima e eficaz. Precisamos voltar a fazer valer o escrito e precisamos aprender a respeitar decisões colegiadas.

Neste caso, mais importante do que questionar o decidido é criar meios de melhorar o processo de decisão.

Assim sendo, fica aqui um singelo apelo: que se cerquem, ao menos, de um corpo técnico variado e de alto nível, de preferência voluntário, para a construção de seu posicionamento
O MP é, repito isso à exaustão, em minha opinião, a maior de todas as conquistas da Constituição de 1988. Por isso sua atuação tem uma importância vital e não pode, de maneira alguma, se confundir com as mazelas cotidianas da sociedade. Ao contrário, é o instrumento privilegiado que temos para fazer valer a cidadania.

Valter Caldana

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