Sorriso ou porrada?

Vou contar aqui uma passagem pitoresca.
Primeira vez que fui a Brasília, estudante que era, ainda na ditadura (governo Figueiredo), passando em frente ao Palácio do Planalto resolvi entrar, subir a rampa. Não havia ali nenhum guarda, placa indicativa de proibição, nada que me impedisse, coisas de arquitetura moderna. Lá fui eu.

Dois metros rampa acima (o mais perto que já cheguei do poder central, risos) começam a sair seguranças do térreo (de sob o pilotis), recos do exército vindo correndo da esquerda e da direita e na porta de vidro rampa acima um cordão de isolamento se fez instantaneamente. Claro, todos com fuzis nas mãos.

Pois bem, obviamente usando o pouquíssimo de serenidade que me restava, parei. Congelei para ser franco. Se aproximou de mim um militar com cara de chefe da coisa toda e perguntou, pasme!, onde eu pretendia ir. Eu disse que conhecer o palácio do planalto.

Ele sorriu, me disse que aquela entrada era só para autoridades e cerimônias oficiais (se não me engano toda quinta-feira o presidente sobe, ou subia, a rampa), disse quais os horários de visitação e como eu deveria proceder, me liberando (eu estava preso?) em seguida.

Pois bem, não duvido que hoje, em São Paulo, na mesma situação, eu estivesse morto. Ou no mínimo bem machucado.

Ah! Anos depois, para aumentar a segurança do palácio (pois outros idiotas devem ter feito a mesma coisa que eu e um em especial tentou entrar de carro!), colocaram os espelhos d´água em torno da área, e não grades como nossa Câmara Municipal (leia aqui) e tantas outras instituições do povo.

Valter Caldana

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