Imbecis de toda a sampa: uni-vos!

› Se o elevado fosse demolido, como o senhor se sentiria?
Tem gente que quer destruir São Paulo. Isso é proposta de imbecil e idiota. Se isso acontecer, haverá de ter cidadão que entre na Justiça contra esse crime.

Paulo Maluf

Eu também, entretanto, entre tantos, sou mesmo um imbecil!

Mas agora falando sério, o bom do Maluf é a clareza e a sem cerimônia…
Veja aqui a entrevista completa [clique aqui].

Gosto de como ele defende o pacote viário da década de 70 (e 80, 90, 2000 e 2010, culminando com a apoteótica reforma das marginais!). Ele tem uma clareza sobre aquela catástrofe que provocou o que chamo de apagão urbanístico que é remarcável. Uma clareza que os atuais detentores do poder nos últimos anos em São Paulo não conseguem ter no trato das coisas sérias da cidade…

Ao contrário, mantêm o modelão SP = PM²*, sendo que os melhorzinhos, estes insistem em paliativos e escorregam em todas as cascas de banana do caminho.

São paliativos caríssimos para com nosso futuro, como o cômodo e populista parque minhocão,
. como a proposta de Lei de Zoneamento que mantém no seu texto a estrutura arcaica e conservadora de 1972 no trato do parcelamento, uso e ocupação do solo, empalidecendo as conquistas do Plano Diretor,
. a demora em deflagrar uma discussão séria e produtiva sobre os planos de bairro,
. um medo inexplicável de alterar a política de comunicação nos pontos de ônibus e acabar com o atual função dos cobradores, tirando-os de dentro dos ônibus e colocando-os em pontos de venda e informação espalhados pela cidade,
. como a incapacidade operacional e criativa de dar poder de decisão e poder de execução orçamentária às sub prefeituras (incluindo os Conselhos Participativos) e, deste modo, ainda que parcial e experimentalmente mudar a forma como a cidade é projetada, construída e mantida, sobretudo seus espaços públicos,
. de assumir sua condição de agente constituinte do mercado imobiliário e usar seu poder de compra para compor a equação da formação de preço da terra, lançando mão, sem piedade, de estoques reguladores reais, não apenas virtuais…

Enfim, São Paulo não é uma cidade para aspirinas…

Mais uma vez: se não tomarmos hoje as decisões que são necessárias, à altura dos problemas mas, sobretudo, à altura da complexidade da cidade para garantir sua pujança, vitalidade e dinamismo no futuro próximo (no século XXI, este que já chegou e que estamos próximos de entrar na terceira década!) muito em breve seremos uma cidade grande e oca, com problemas de metrópole e orçamento de vila.

Aí sim, veremos e sentiremos na pele o que se chama caos urbano.

Valter Caldana

PM² = Prestes Maia x Paulo Maluf
Note-se que é “vezes”, não “mais”, pois o segundo não “adicionou” ao modelo de Prestes Maia, ele o “potencializou”, adequando as premissas do urbanismo rodoviarista disperso dos anos 1930 ao modelo econômico centralizador e político autoritário vigentes à época, 1970/80.
E ainda tem gente que ainda acredita na lenda urbana da cidade que cresceu sem planejamento… São Paulo foi uma cidade minuciosamente planejada, para ser como é!

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