Nem sei realmente se a notícia é verdadeira, ou parcialmente verdadeira. Mas deve até ser. [leia aqui]
Afinal, o Brasil se acostumou a séculos de firulas e filigranas jurídicas, que só foram realmente superadas no julgamento do mensalão e nos julgamentos da lava a jato.
Mas a questão importante para mim é que há dois cavalos encilhados passando diante de nós. Eu diria mesmo que dois tropéis…
Um nos coloca na dianteira do “mundo livre” no que diz respeito à investigação de crimes graves de corrupção, revelando esquemas, desmontando quadrilhas e punindo agentes públicos e privados, coisa que o Brasil está fazendo desde o mensalão.
O outro nos coloca na lista dos países que não sabem suportar uma crise política ou uma crise econômica – ambas cíclicas tanto no capitalismo quanto na Democracia – sem transformá-las numa disputa fratricida entre grupos e gangues que disputam o poder sem limites e sem escrúpulos, quaisquer que sejam seus papéis na ordem geral das coisas. Este nos empurrará de volta para a latrina política do mundo, lá onde se encontram pequenas ou grandes ditaduras, países como o Egito e outros que se consomem em suas crises internas, sem falar nas trágicas situações de países africanos que nem sei pronunciar o nome.
Por isso seria tão importante que nossa sociedade conseguisse diferenciar o que é a necessária, fundamental e última etapa de nossa libertação, emancipação e amadurecimento como país, que é o combate indiscriminado à corrupção e sua estupefação por ter eleito um governo incompetente, ou mesmo corrupto, que é a necessidade de intensificar o trabalho do Congresso, os contatos com as bases e a formulação e negociação de projetos de futuro com a sociedade.
Mas enquanto uma parte significativa dos que foram às ruas pedir o fim da corrupção pedirem junto o impedimento da Presidente e parte dos que foram às ruas pedir a defesa da Democracia e se posicionar contra retrocessos forem confundidos com corruptos contumazes estaremos aceleradamente montando no tropel que nos coloca onde, será?, de onde nunca deveríamos ter saído.
Valter Caldana