Amigos e Amigas,
É com uma enorme felicidade que me despeço do cargo de Diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Foram sete anos e meio de trabalho cotidianamente desafiador que por óbvio não teria sido possível sem o apoio e o envolvimento de cada um dos estudantes, professores, funcionários e, claro, da direção do Instituto e da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Uma das infinitas lições que tive nesta passagem pela diretoria da faculdade é que se existem pessoas que dignificam cargos, o fato é que há cargos que dignificam pessoas e este é o meu caso. Nada do que eu possa ter feito em minha carreira profissional se equipara à honra de ter podido dirigir um curso de arquitetura e urbanismo centenário e uma faculdade septuagenária com a importância e o reconhecimento social da nossa, construídos ao longo destas décadas por tantos que nos precederam e nos trouxeram até aqui.
A felicidade do momento vem, naturalmente, de uma sensação de dever cumprido que só foi possível obter com trabalho em grupo, num sistema de gestão colegiada que contou nestes anos com a colaboração direta de mais de 20 coordenadores de área além dos participantes dos Conselhos de Curso e Núcleos Docente Estruturantes, também mais de uma vintena e, claro, os responsáveis por disciplinas, a quem agradeço especialmente pelo apoio, e com quem esta responsabilidade foi sempre compartilhada.
Esta felicidade se deve, ainda, ao apoio sempre crítico de toda a nossa comunidade, que se caracteriza, como gosto de dizer, por ser uma escola de diferentes e diferenças, nunca uma escola de iguais ou de pensamento único. Características estas que durante a gestão procurei valorizar e, acima de tudo, respeitar, em especial em momentos difíceis como a nota 2 no ENADE do curso de Arquitetura e Urbanismo.
Trata-se de uma felicidade que se construiu, portanto, pelo trabalho coletivo realizado. Afinal, neste período em que pude estar à frente da diretoria as conquistas de nossa escola foram muitas, sendo que algumas delas julgo valer a pena registrar aqui, como a presença dos cursos de Arquitetura e Urbanismo e de Design entre os dez melhores e os 15 melhores cursos nacionais, respectivamente, assim como o reconhecimento do curso de Arquitetura e Urbanismo como o melhor curso não público do Brasil.
Quanto às instalações, registre-se a reforma completa do prédio 09 com climatização, ampliação da biblioteca e uso completo do edifício para os cursos da faculdade. Tivemos também a triplicação dos laboratórios e a modernização de suas instalações e seus equipamentos e a ampliação de áreas na Maria Antônia.
Nos aspectos didáticos e pedagógicos temos a grade horária fixa nos dois cursos de graduação e a reforma plena de seus projetos pedagógicos, que hoje permitem a superação, no processo de ensino-aprendizagem, dos limites tradicionais impostos pelas disciplinas, pelas salas de aula e ateliês e pela própria relação professor-aluno.
Pela primeira vez no Brasil projetos pedagógicos apresentam, para o ensino de Arquitetura e Urbanismo e de Design, caminho de avanço com relação à última evolução havida neste campo, cinqüenta anos atrás, com a implantação dos ateliês. São projetos que têm no envolvimento pleno de professores e alunos com sua própria formação, na experimentação, na flexibilidade e na internacionalização suas peças estruturais.
A escola conquistou, também, um alto grau de participação nas atividades de pesquisa e extensão se tornando saudavelmente ativa no tocante à apresentação de projetos PIBIC e PIVIC e se tornando a cada dia mais presente na obtenção de fomentos de fundos como o Mack Pesquisa e outras agências nacionais e internacionais. Nosso índice de internacionalização aumentou fortemente e nossa inserção social como agente formador de opinião é significativa.
O programa de pós-graduação stricto sensu se consolidou e se ampliou com projetos importantes em Fortaleza e Porto Alegre e caminha a passos largos para o objetivo de obtenção de sua merecida nota 6,0.
Se é verdade que, em que pesem todas estas conquistas, e talvez até mesmo por conta delas, haja ainda muita coisa a fazer e por fazer, como por exemplo o plano de carreira de professores e funcionários, a evolução constante dos sistemas de ensino, a formação de pessoal, os cuidados crescentes com as instalações e a ampliação do lato sensu, cabe ainda registrar mais algumas conquistas deste período.
Deixo a diretoria especialmente feliz com o fato de termos nossos órgãos colegiados operantes e cada dia mais influentes na gestão dos cursos e programas, por contarmos com alunos especialmente brilhantes, um corpo de funcionários administrativos e técnicos que se desdobra em cem e por contarmos em nosso corpo docente com profissionais da mais alta qualidade, com grande prática profissional e inserção no mercado de trabalho. Isto sem falar de que hoje mais de dois terços de professores são contratados para se dedicar também à pesquisa e à extensão.
Por fim, registro com especial carinho a consolidação de nossa internacionalização, a criação da empresa júnior de design, a qualidade de nossa participação no ProUni, a retomada do prédio 10, que voltou a ser sede da Faculdade e a materialização de dois projetos acalentados durante anos: a recém autorizada liberação da necessidade do registro de frequência em sala de aula – o fim das listas de presença! – e a reabertura do curso noturno de Arquitetura e Urbanismo.
Enfim, esta carta de despedida se tornou longa. Mas, muito emocionado, deixo aqui um abraço forte, fraterno e de gratidão a todos os envolvidos nesta trajetória. E aproveito para desejar que o novo período que se inicia amanhã, sob o comando da Profa. Angélica, seja ainda mais profícuo, de muitas realizações e pleno de sucesso.
Valter Caldana