A coisa é simples. Faça uma conta. Você permite construir uns dois ou três pavimentos a mais e dá só uma estragadinha controlada a insolação da praia – patrimônio público e fonte de riqueza coletiva. Quantos prédios ainda podem ser construídos, uns cem? Duzentos? Ok, vamos fechar em 200 (deve ser muito menos). Vamos falar em dois apartamentos por andar (para ficarem virados para a praia) estamos falando em 1000 famílias ou 4.000 almas.
Ou seja: compromete-se um bem público nacional, que afeta diretamente toda a economia da cidade da Bahia de São Salvador no médio e longo prazos para dar uma ajudinha de curto prazo a no máximo uns dez incorporadores e fazer a alegria de pouquíssimas pessoas… Isto vale para a Bahia, para Salvador, mas vale para a maior parte das cidades litorâneas brasileiras, que pouco ou nada aprenderam nos últimos cinquenta anos de urbanização predatória e extrativista.
Alternativa: cobre mais caro, bem mais caro, apartamentos que possam ser feitos de acordo com interesses coletivos. Sem medo de ser feliz, sem medo do capitalismo são e indolor.
Ah! E se não tiver mercado comprador, melhore a infra estrutura urbana do entorno e coloque-os à venda em Miami, New York, Montreal, Amsterdam ou Berlim…
Trabalhe! Pense, invista em pesquisa e desenvolvimento.
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E a gentrificação??
A gentrificação é um processo inexorável porém não incontrolável. Incorpore sua mitigação no próprio projeto e no seus custos. É simples. É vida real.
O que não é simples é todos pagarem com sombra o lucro, a brisa e a vista de pouquíssimos!!
Valter Caldana