Só para lembrar aos que fazem muxoxos contra as cotas em universidades públicas, em especial na USP, estas vagas existem e estão pagas. Foram pagas adiantado por você, por mim e também por aqueles que vão ocupá-las, pagas por si mesmos ou por suas famílias e por seu entorno social imediato. Não há um único cidadão do Estado de São Paulo, mesmo que apenas peça dois reais num farol para comprar uma garrafa de pinga na esquina que não pague ICMS.
Portanto, que fique claro que estas vagas não são uma “doação”, uma benevolência… Estão apenas e tão somente inseridas numa questão de organização e gestão.
Do mesmo modo que se decidiu até hoje quantas vagas terá um curso, isto vai continuar acontecendo. Só que agora se dirá não apenas X vagas para este curso, mas se dirá X vagas com y vagas para este processo de ingresso e y vagas para este outro processo de ingresso.
Assim como se continuará dizendo X vagas para Pós-Graduação com bolsas, x vagas para pós-graduação sem bolsas… De modo quase autocrático, insisto, como sempre foi. (Eu mesmo, no ano em que não ‘passei’ por ter ficado em 168º lugar me perguntava por que a FAU, naquele prédio tão grande, não poderia ter 170 e não 150 vagas… nunca entendi, risos)
Quanto aos que falam grosso sobre a meritocracia, sugiro que observem que estas vagas, poucas, serão conquistadas por estes jovens, não serão ganhas. Não bastará passar na portaria do campus e fazer ficha para ingressar na Universidade.
Apenas os melhores e os que mais se dedicarem ao longo de sua tenra juventude é que vão entrar, que vão, insisto, conquistar estas vagas. Não vai ser indicação do candidato a vereador do bairro ou de um padrinho bem posicionado no governo. Aliás, como acontece em qualquer Universidade de primeira linha, seja ela pública, comunitária ou privada.
O ingresso se dará por mérito, por mérito próprio. Tão ao gosto do sistema de fratria-eliminação vigente no mundo atual. Vai ser briga de foice no escuro, com bastante sangue.
A USP tem nas mãos, por ser a USP e por ser praticamente a última a aderir, todas as chances de fazer o melhor, mais abrangente e mais correto programa de cotas do Brasil.
Que se inicie assumindo que não basta abrir a porta, abrir a vaga. É preciso acolher, ou seja, dar as condições de manutenção, inclusive e sobretudo material, técnica e financeira ao estudante cotista. Falo aqui de bolsa e moradia.
A fonte de recursos para isso não deve ser encarada apenas como uma rubrica na coluna despesa do orçamento, mas como um investimento que faz parte indissociável de sua função social e missão estratégica.
Esta política tem que ser uma prioridade da alta administração mas tem que ser também um objeto de trabalho e de envolvimento profundo do corpo docente e do corpo discente.
Vocês que hoje aí estão não são donos da Universidade. São seus usufrutuários e fiéis depositários em nome de toda a sociedade, dos ex-alunos ao mais humilde, explorado e desvalido dos cidadãos.
Enfim, a USP, que está tão abaladinha na sua auto-estima e com sua imagem também tão abalada perante a sociedade tem uma chance de ouro de mostrar toda sua excelência, sua capacidade de produção, de reação, sua inventividade e sua eficiência na implantação deste programa.
Um viva à USP, sucesso!
Lembrando que hoje, é 9 de julho! Viva São Paulo!
Pro Brasilia Fiant Eximia!
Valter Caldana
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