Coisas boas e coisas novas

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UM ANO DE COISAS BOAS E COISAS NOVAS
só que as boas nem tão novas e as novas nem tão boas…

Nas últimas semanas me pus a pensar sobre o que eu escreveria, por dever de ofício, sobre este período da prefeitura de São Paulo.

Pensei, pensei, pensei, como diria o poeta, como é cruel pensar assim… E percebi que entre os seus poucos acertos deveria destacar um, para mim o principal: o prefeito foi totalmente transparente e objetivo, desde a campanha até agora, no que tange a seu modo de pensar e de agir.

Não houve um único momento, que eu tenha percebido, em que o prefeito deixou de lado suas convicções e tudo o que, ainda que rapidamente, tenha dito durante a brevíssima campanha a que somos submetidos. E, se a campanha é excessivamente breve, esta responsabilidade não é dele.

No entanto o prefeito, entre seus acertos, a meu ver cometeu três equívocos importantes que somados foram explosivos: superestimou sua capacidade, visão de mundo e de cidade, confundiu administração pública com administração privada e, sobretudo, subestimou São Paulo mortalmente.

A partir disso, cheguei, também, a algumas conclusões, que deixo aqui registradas. Em síntese se poderia dizer que: São Paulo não é para amadores; gestão pública não é privada e; um bom time não prescinde de um bom técnico. Por fim, como sabemos, bons técnicos precisam ter ouvidos e boca em tamanhos equivalentes e precisam gostar do jogo e de jogar.

Explico: o time de secretários do prefeito é bom. Tem tocado o serviço com qualidade, dentro dos princípios pretendidos e anunciados no programa de governo. As áreas de Educação, Habitação, Transporte e Urbanismo tem se destacado. Tarefas importantes para a cidade estão em andamento. Nova base curricular na educação, locação social na habitação, licitação dos ônibus no transporte e revisão do zoneamento e o aprova rápido na smul…

Mas, por vezes, os secretários dão a impressão de perderem um tempo precioso ajustando as falas do prefeito como por exemplo no congelamento de tarifas de transporte, nas velocidades nas marginais, na merenda escolar, na cracolândia, na venda de terrenos e no anúncio de revisão do plano diretor…

Na Cultura, o devido e correto protagonismo é dado ao Conpresp, porém fica um gostinho de desperdício e tristeza no esvaziamento da virada cultural, no fechamento noturno da biblioteca Mário de Andrade… No Verde, uma troca de secretário esquisita e na saúde uma coruja que aparenta adormecida. Enfim…

Mas, a tônica do ano, a marca, o registro, é a vontade explícita do prefeito de não ser prefeito. Tirando os 15 primeiros dias, primeiro mês, vá lá, o único momento em que, ao menos publicamente, o alcaide pode fazer aquilo que ele considera ser prefeito foi na reunião com Sílvio e Zé Celso. Estava à vontade, fazendo o que sabe e o que, acredito que acredite, considera ser o papel de um chefe do executivo municipal.

Não se pode esquecer que ele foi um dos responsáveis, com ações daquela natureza, por transformar completamente Campos do Jordão, para lá carregando dezenas ou centenas de milhares de pessoas, empresas e, imagino, emprego e renda, no inverno.

Ouso considerar que Campos foi seu laboratório e a fonte de sua certeza de que basta o empreendedorismo de boa vontade e a construção de networks, redes de interesses mútuos, para que as coisas entrem no seu devido lugar.

Encerrada, rapidamente, esta fase do entusiasmo inicial, restou um indisfarçável desalento. Não era bem assim. Então, ninguém nem nada, salvo alguns próximos, estavam à altura de suas intenções. A desmotivação foi substituída pelo desejo de vôos mais altos.

Talvez tenha faltado um pouco de prosa e análise com alguns de seus próximos que poderiam, quero crer que tentaram, lhe alertar que na administração pública existem alguns elementos que não existem na administração privada. São eles: Democracia, Povo, Legislativo, Interesses Difusos, Interesse Público, Res Pública… Longo prazo, no público, é um fato. Povo é cidadão, não é consumidor. O Legislativo não é o Conselho Consultivo da empresa e o objetivo da máquina administrativa não é apenas gerar lucro ou excedentes. Muito menos no curto prazo.

Não obstante, caso decida cumprir seu mandato, o que saberemos até abril, restará pouco tempo mas este quadro pode se reverter. Dois anos e meio, de abril de 2018 a outubro de 2020 não é tão pouco assim. Se pegar firme e não trouxer para o município a agenda política nacional, pode ser que a sua gestão ainda se transforme e mostre uma marca positiva sua.

Caso contrário, nos veremos na eleição de outubro.

Valter Caldana

continua…

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