Latifúndio urbano.

O Estadão de hoje traz excelente artigo de Brito Cruz, Unicamp e Fapesp.
Este é o cara. Tem que ser lido com toda a atenção.

De minha parte, durante muito tempo acreditei (acho que ainda acredito) no conhecimento de caráter público como bem maior…

Como também defendi, para espanto de alguns colegas, que ensino e pesquisa deveriam ser carreiras irmãs, porém não siamesas, o que garantiria pesquisa pura, de base, de ponta, pesquisa aplicada e formação de quadros de maneira mais horizontal, pública e gratuita.

O problema maior é que o projeto histórico de país e de nação não é este. Não inclui nossa liberdade, independência nem tampouco nossa autonomia. Por isso não inclui produção de conhecimento.

Não incluí-las, Liberdade, Independência, autonomia e por consequência, pesquisa, educação e ensino de qualidade é uma condição imposta por interesses hegemônicos nacionais que sempre estiveram em sintonia com definições geopolíticas, de mercado e econômicas internacionais.

Por isso o Banco mundial se sente no direito de propor o fechamento de universidades públicas. De novo, o problema não está em falarem esta imbecilidade, até por que não é. Está coerente com o quadro e com o que entendem ser nossa função e condição no tabuleiro internacional. Para quem é, afinal, bacalhau basta.

O problema está é no silêncio e no contido sorriso conivente e laudatório da sociedade, inclusive e sobretudo aquela que sonha ver o filho formado pela USP, Unicamp, Unesp ou uma federal de ‘status’, diante de tamanha afronta e ignomínia. Mais uma manifestação do Liberalismo de Estado.

O Brasil é uma grande fazenda. Cujos fazendeiros e capatazes sonham em arrendar a terra para uma grande plantation e viver de renda. É isso que somos. E é isso que querem que sejamos.

Não por outro motivo somos o país das monoculturas, por elas sustentado há décadas. Não por outro motivo nossas cidades são o que são, núcleos de serviço entre fazendas e colônias destinadas a abrigar a massa excedente de mão de obra que se tornou desnecessária a partir dos anos 1960 / 1970.

Exceção feita, por ora, à Embrapa, cuja excepcionalidade confirma o quadro e a regra, episódios como o da entrega do conhecimento do pré-sal e agora da Boeing, digo, Embraer, para ficarmos nos dois mais recentes, demonstram isso com clareza Franciscana.

Mas, entre tantos outros, podemos citar Mauá, Gurgel e os mortos do programa espacial para, ao menos, homenageá-los.

CQD

Valter Caldana

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