Lá se vai mais um bom. E um dom.
Falar que materializava toda a simbologia do marceneiro em nossa civilização cristã ocidental seria covardia. Era o que ele fazia cotidianamente na sua oficina, nas escolas que criou, fundou, abriu, fez crescer. Inclusive o curso de Desenho Industrial do Mackenzie, onde foi professor pioneiro e que tive a honra de dirigir décadas depois.
Transformava a matéria com zelo e graça, com criatividade.
Mestre das artes e ofícios, a tudo via como uma oportunidade de transformação e melhoria… na casa, no bairro, na Cidade, na sociedade.
Para o desenhista industrial, o disainer, aprendi com ele entre alguns outros de sua geração, o mundo é uma oficina e cada situação um projeto. Passam a vida procurando um modo de facilitar a nossa vida.
Da seriedade e severidade do primeiro contato (que a Cidão já logo vinha e colocava abaixo com a luz de seu sorriso largo) se estabelecia logo a empatia da prosa caipira cheia de intuição e inventividade. E, insisto, de projetos, de por que nãos, de e ses e de alternativas.
Se temos que mudar a cabeça das pessoas comecemos por lhes fornecer pentes saudáveis e duráveis, ó mágica ironia.
O fato é que este inventor inventou e fez um mundo melhor do que encontrou, com duas filhas lindas em todos os sentidos, escolas incríveis, amizades profundas. Acolheu jovens, inclusive eu, ao seu redor e ensinou…
Ensinou, no final, que a missão cumprida é a medida das coisas e que nada se faz sozinho ou sem amor. Por isso ao olhar para trás e ver tanta coisa feita e olhar para o lado e já não ver o sorriso que o acolheu mais de 50 anos nos deu a última lição e nos deixou, feliz, exemplos e responsabilidades.
Grande Ângelo Schoenaker, bela figura, um careta incrível.
Valter Caldana