República Popular de São Francisco

San Francisco acabou de se tornar a primeira cidade dos Estados Unidos a oferecer faculdade gratuita.

Usando um linguajar erudito se poderia dizer sobre esta notícia algo como: saca só mané, é o bixo. Demorô.

O que dói mesmo não é ainda não termos condições materiais de promover uma política pública como essa, que não é um simples ato de vontade (nunca é).

É saber que nunca teremos. E mesmo que tenhamos, nunca faremos.

O “gene”, o embrião de uma política pública como essa não se encontra em nossos códigos (genéticos? kkk) éticos e deontológicos. Em nossa tábua de valores.

Basta lembrar que neste momento a prefeitura apresenta um projeto para cortar em 2/3 a Outorga Onerosa sem que esta sequer tenha sido realmente aplicada. (Sendo a nossa Outorga um mecanismo jurídico urbanístico até mais doce e ameno do que o utilizado para viabilizar a proposta anunciada lá nos EUA, que pelo que entendi é um imposto puro e simples sobre transações acima de Us$ 5 milhões)

Para corrigir um problema (sim, neste momento a outorga está cara, caríssima, beirando o impagável) se abole a eficácia do instrumento ao invés de aperfeiçoá-lo. Não se usa o problema como oportunidade. Não se pensa em políticas conjunturais para problemas conjunturais, preservando a estrutura. Corta 2/3 e manda o pau! O resto é pensamento acadêmico (ó o eterno pavor causado pela pena…).

O fato é que ossa sociedade rejeita de modo hoje indisfarçável, grotesco e veemente políticas inclusivas e igualitárias ou civilizatórias. Venham elas de onde vierem. Direita, esquerda, centro, sobre, sob…

O Brasil não está adotando, de novo e atrasado, o “laissez faire, laissez passer“…
Assumiu definitivamente (enquanto dure) o “salve-se quem puder”.

Welcome to the jungle…

Valter Caldana

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