Me cumpre recordar aqui os incontáveis alertas, as polêmicas criadas e as pancadas levadas pelo Joaquim Guedes quando já no final dos anos 1970 e início da década de 1980 (ainda começo de nosso apagão urbanístico) alertava, com sua verve e sua produtiva acidez para a inviabilidade da legislação vigente, dos C.A.s muito baixos, dos recuos inservíveis e da infra-estrutura desperdiçada.
Guedes foi um dos arquitetos de sua geração que compreendeu, a tempo, que projeto urbano não é um projeto de arquitetura grandão ainda que sejam irmãos siameses. (Outro grande foi José Cláudio Gomes).
Hoje estamos de novo sob um debate estéril, enviesado, equivocado, casuístico e improdutivo sobre alturas de edifício, o pensamento vigente no marco regulatório segue quimicamente dependente da fórmula de Adiron, cego para as necessidades reais de humanização da cidade e otimização de seus recursos já instalados. Por isso estamos mudando Leis ridículos ano e pouco depois de promulgadas e elegendo velocidade de automóvel como aríete no debate ideológico.
E por que estamos sob este manto diáfano que nos induz e obriga a fazer a discussão tola, corporativa e de um modo que não nos interessa coletivamente?.
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Por que se optou pela manutenção de um modelo exaurido de zoneamento, baseado em tabelas de uso e volumetrias, alterações pontuais e pequenas falácias cotidianas (áreas computáveis e não computáveis, descontos em outorgas, etc… )
O Brasil não tem futuro, pelo jeito o que tem é muito tempo para desperdiçar.
Valter Caldana

