Da terra à terra

Há muitos anos, uns dez ou pouco mais (acho que mais) participei de um grupo que reuniu estudiosos e construtores em busca de fazer algo semelhante no Brasil.

Um dos motivos pelos quais não se fazem mais casas em terra no Brasil, além da questão sanitária tão propalada nas décadas de 40 a 60 (trinca, hospedagem, barbeiro, doença de Chagas) que as condenaram definitivamente à condição de casa de miserável ou de gente da roça (também miserável) é o fato de que casas desta natureza não poderem ser financiadas. Não podem receber recursos e não entram no mercado.

Neste grupo, que se iniciou com o encontro entre alguns animados defensores das técnicas, conseguimos reunir na época FAUUSP, Mackenzie, CREA-SP, ABC Terra do saudoso e querido Paulo Montoro, a Caixa Econômica Federal e a ABNT/Cobracon.

Contaríamos com o apoio técnico do Craterre (Grenoble – França) um dos mais importantes centros de estudo de arquitetura com terra do mundo, sede da cátedra da UNESCO sobre o tema, que na ocasião tive a oportunidade de visitar.

Muito entusiasmo, pretendia-se a criação de normas técnicas para as construções em terra. Uma vez normalizadas (ou normatizadas) poderiam ter sua qualidade testada e atestada, entrando no rol de casas financiáveis.

Infelizmente, apesar do entusiasmo e dos esforços, não conseguimos muito mais do que aprender bastante sobre a questão.

Tanto tempo se passou, mas a questão continua. Quem sabe outros grupos se animam a retomar este tema. É de grande importância e de grande interesse. Fico à disposição e tenho certeza que outros tantos também!

Valter Caldana
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