E aí Mano Brown?

Cresci no bairro mais violento nos anos mais violentos. Estrategista sempre. A estratégia era sobreviver. E afrontar. Mano Brown

Belíssima entrevista de Mano Brown ao Le Monde (veja aqui).

Não é de hoje que eu insisto que a transformação radical da cidade é inexorável pois se trata de um movimento que vem de fora para dentro, da periferia para o centro, do além rios para a terra firme, do precário para o consolidado.

Quando em 2011 fizemos uma Bienal de Arquitetura buscando atravessar os muros da corporação com o tema ‘Arquitetura para todos, construindo cidadania’ já se buscava o estabelecimento desta ponte. Venha desenhar sua cidade era uma das instalações mais animadas.

Andar de bicicleta, ocupar as ruas, fazer hortas, resgatar cidadania, que aparentam ser descobertas recentes ou importadas de longínquos países europeus são práticas que se estabeleceram há tempos nas regiões mais precárias e menos equipadas da cidade como instrumentos estratégicos de sobrevivência e resistência a um modelo de desenvolvimento urbano falido que se insiste em manter, como um cadáver insepulto.

Andar de bicicleta não veio de Amsterdã, veio do extremo leste, do sul… A ‘vermelha’ ciclovia é consequência, não é causa.

A tosca partidarização a que parcela significativa da sociedade se submeteu e se submete ao discutir as transformações do modelo de desenvolvimento urbano atrasa, mas não impede, este fluxo. Por um simples motivo: o colapso do próprio modelo.

Valter Caldana

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