Com que roupa?

ou a crônica de uma colapso anunciado

Quando digo que São Paulo praticamente já perdeu a janela de oportunidade para se manter na rede de cidades mais importantes do planeta, circuito pelo qual passará a produção e o usufruto da riqueza no século XXI, é por motivos como estes…

O debate municipal não passa, hoje, nem perto das questões relevantes levadas adiante no mundo. Estamos condenados ao mundinho da mesquinhez de uma disputa totalmente ineficaz em torno de algumas migalhas de coeficiente de aproveitamento em uma Lei de Zoneamento medíocre, retrógrada e ultrapassada. Este é o nosso retrato. Nosso instantâneo.

O problema não é não termos roupa para ir à festa. O problema é que não temos papo para estar lá. E os organizadores da festa e os outros convidados estão percebendo isso a cada dia com maior clareza. E os convites começam a rarear, a não chegar…

No fundo, nós também sabemos que não temos papo para estar na festa. Já na última reunião do C-40, que São Paulo um dia sediou, mandamos um secretário protocolar, ou coisa parecida, a passeio, ao invés de mandarmos uma comitiva de alto nível com os responsáveis pelo desenvolvimento urbano da cidade. O prefeito ir? Imagina!!! Bobagem…

Ao observarmos o quadro eleitoral para daqui a menos de um ano o desalento é ainda maior e a certeza de que teremos um futuro sombrio no médio prazo, nos próximos 30 ou 40 anos, é desanimadora.

É assustador observar o despreparo (seria sanável) e a irresponsabilidade (é insanável) de nossas lideranças políticas e econômicas. Mais assustador e angustiante ainda é ver a subserviente passividade dos cidadãos paulistanos que, um dia, tiveram o direito de jactar-se estarem numa das cidades mais empreendedoras do mundo.

O problema não é a tristeza de ver a que fomos reduzidos. O problema é a dor de antever no que seremos transformados nos próximos anos e onde viverão, se ainda estiverem aqui, nossos filhos e netos…

Bom dia São Paulo.
Tá na hora, ‘vambora’.

Valter Caldana

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