ou como uma estrutura se liquefaz
e vaza pelos dedos
O desmonte do sistema de ensino brasileiro, que começou há 50 anos e teve como um de seus marcos (não o único) o acordo MEC-USAid, foi assimilado e aceito pela parcela da sociedade hegemônica na composição do poder como se o seu alvo fosse a escola pública, para ela descartável já que ali não estariam seus filhos.
Ocorre que o plano era muito mais perverso e extrapolou os limites imaginados pelos brasileiros e, por fim, afetou dramática e definitivamente toda a estrutura e a qualidade da educação fundamental, básica e média no Brasil, levando-a ao colapso tanto na esfera pública quanto na privada.
Passado meio século, quando a geração que foi formada completamente dentro deste quadro de desmonte e desvalorização da educação e cultura, que os governos ditos de centro esquerda pós ditadura foram imperdoavelmente incapazes de reverter, chegou em sua plenitude ao poder público e privado o que temos?
Uma incapacidade comovente da sociedade de fazer análises que envolvam mais do que duas condicionantes. Uma sociedade que não ultrapassa silogismos binários e se tornou, por isso, incapaz de formular possibilidades de superação de seus problemas estruturais e suas crises conjunturais. Pois sequer as reconhece.
Valter Caldana