O que falta?

A Justiça e o Tribunal de Contas do Estado suspenderam por tempo indeterminado a licitação de concessão à iniciativa privada de uma antiga edificação e seu terreno pertencente à Usina da traição, no Rio Pinheiros, onde se pretende instalar um restaurante e outros equipamentos comerciais.

É admirável que num governo como este não haja uma única privatização que vá para a frente. Parece que mesmo depois de um ano de prefeitura, mais um de governo do estado, ainda não entenderam que o problema não é privatizar.

O problema é privatizar apenas por motivos ideológicos. Como é problema estatizar pelos mesmos motivos.

Mas, o que não conseguem entender, mesmo, é que o interesse público não é o mesmo que o interesse privado e que, portanto, a coisa pública não é igual à coisa privada e a gestão pública não é igual à gestão privada nem em objetivos, nem em valores, critérios ou métodos.

Tem um pessoal ali na Avenida 9 de julho que parece entender bem deste assunto. Tem até dois cursos que dizem ser muito bons…

E olha que o caso aqui é só um restaurante…

Em tempo: não tenho nada contra esta concessão. Até sugiro que seja feito um belo edital, um concurso internacional de projetos, uma licitação pública também internacional para que vença um concessionário que seja do ramo e possa investir na implantação do projeto. Talvez demore um ano a mais do que pretendem… mas, parado na justiça, nasce torto. Bem toro. E ainda corre o risco de fazer com que percamos mais um GP de F1…

Aliás, em tempo 2: sabe uma área que está prontinha para ser privatizada, aliás, sorry, ‘concessionada’ nas marginais? Justamente a área esquina entre as duas, Tietê e Pinheiros, sob o complexo ‘Cebolão’. Deve pertencer majoritariamente à EMAE, CESP e FEPASA

Aquilo daria um parque público com empreendimentos comerciais, habitacionais e educacionais de primeira linha, com grande benefício para toda a região metropolitana. Além de ser vital para o controle de enchentes e inundações na zona oeste…

Seria excelente e muito mais sensato e rentável do que vender os terrenos do Anhembi e de Interlagos e perder os rendimentos que a cidade tem, altíssimos e a custo zero, com as feiras e com o F1…

Aliás, indo mais longe, em tempo 3: Por que não recuperam o projeto do Parque Ecológico ao longo do Tietê e Pinheiros, atualizam, definem pontos estratégicos de intervenção, fazem concursos de projetos para estes pontos e abrem concorrências internacionais para sua implantação e exploração?

Com os ganhos auferidos na operação podem fazer toda a urbanização dos 45 km ao longo dos rios, a eliminação da auto-estrada urbana e a implantação dos sistemas de retenção e retardamento das águas pluviais e de transferência dos esgotos.

Por que não fazem?
Por que é mais fácil, aparentemente, colocar na vitrine uma enorme placa escrito ‘Liquidação. Família vende tudo.’

E dizer que quem reclama é do contra.

Valter Caldana

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