Cortar, amputar ou decepar?

Claro que preservar as empresas, sobretudo as micro, pequenas e médias, que são as maiores fontes de emprego e renda para a população, sobretudo a população com menor acesso a formação e treinamento, é vital!

Inclusive recebi hoje vários emails alertando e sugerindo que se prefira comprar produtos e serviços de pequenas empresas, com o que concordo.

E, claro, a folha é sempre estratégica no orçamento e no caixa de empresas de quase todos os segmentos.

No entanto, antes de ir para cima do salário e autorizar uma redução de 50%!!!! que levará toda a população à inadimplência mais elementar que se possa imaginar (nenhuma conta será paga, ponto final) o governo poderia, smj, adotar outras medidas para alavancar crédito direto ou indireto para as micro, pequenas e médias e/ou rolar um série de débitos e encargos que os pequenos têm dificuldades enormes para manter em dia (o que seria um crédito indireto, ajudando a fazer caixa).

Já seria um alívio…

Nesta hora (crise) rolar pode ser um dos caminhos mais eficientes para não fechar. O corte pode ser traumático demais.

Por exemplo, no que diz respeito aos empregos formais…
E se o governo autorizasse que nos próximos meses fossem pagos apenas 20% (ou 30, ou 40, ou 50, eles têm os números) de todas as taxas, impostos e encargos federais, estaduais e municipais? Ah… não dá para perder arrecadação? Pois é, mas também não dá para perder 50% do salário.

E se todas as tarifas públicas fossem reduzidas em 50% (ou 25… etc.) Só com estas duas medidas – impostos, taxas, emolumentos e tarifas de consumo – o alívio no caixa (e no fluxo) dos pequenos seria fantástico.

E se as taxas de juros bancários fossem cortadas a 50% (ou 30, ou 15, ou 10…) por um ou dois meses?

Não estou me perguntando se não seria o caso de fazer tudo isso a fundo (público e privado) perdido. Muito menos estou imaginando ser possível não pagar estas contas todas.

Como eu disse, estava aqui pensando em formas de alongar os débitos… Passada a crise, se cobra o passivo e todos os débitos de forma parcelada, (sem juros ou multa?) e se recompõe os caixas e os ganhos afetados…

Talvez medidas assim, articuladas, possibilitassem que o corte nos salários fosse bem menor, não começando já em 50%. Começaria em 10%, em 15%

Certamente economistas brilhantes saberão fazer isso muito adequadamente. E saberão fazer estas contas.

E por aí vai.

O que me incomoda, na verdade, é que a solução de cortar é sempre a mais simples, a mais binária e a menos criativa. E, quase sempre, corta de quem não tem o que ser cortado.

Não corta gorduras… amputa membros e, se distrair, decepa a cabeça.

Valter Caldana

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