Tradição

Prefeitura de São Paulo cede terreno
destinado a Parque para a Vai Vai.

Com esta chamada na capa a Folha de São Paulo de ontem traz matéria sobre esta operação, assinada pelo prefeito em exercício.

A tradição da gestão urbana paulistana se servir de terra pública como se ela fosse lote privado e dela fazer uso limitado e sem alcance, desconsiderando os interesses estratégicos futuros e coletivos, como meu avô, sua tia, aquele primo distante ou mesmo você ou eu faríamos é intransponível. Imutável. É tradição.

Outro dia foi a renovação da concessão do CT do São Paulo, logo deve ser a do Palmeiras, agora Vai Vai …

Não há a menor chance de um dia o poder público e seus agentes entenderem que terra urbana, sobretudo a pública, não se olha da divisa para dentro, mas da divisa para fora. E entenderem que este seu aspecto, e esta sua obrigação como gestores, é o que definirá o que fazer nestas terras da divisa para dentro.

Não há a menor chance.

Nas poucas vezes em que se organizou a possibilidade disto acontecer, como quando da criação da EMURB, há 50 anos (meio século!!) ela foi rapidamente desmobilizada.
Mesmo havendo os importantes exemplos deixados por ela na cidade, ou ainda diante dos exemplos que se tem em cidades importantes mundo afora, estes de nada adiantam.

E vamos lá! Sigamos em frente, administrando a cidade como se administram os lotes do espólio de uma família abastada. Porém, infelizmente, administrando usando a “lógica do cunhado” como diria minha avó.

Em tempo, creio que não haveria o MENOR problema em ceder a área para a escola de samba – acho até mesmo interessante que isso aconteça já que ela está perdendo sua área tradicional lá na Bela Vista assim como acredito que usos culturais são adequados nos baixios do vale – se a cessão fosse parte de um projeto urbano para a área, com as contrapartidas proporcionais e adequadas. No entanto, mesmo o projeto (mais de um, inclusive) existindo, nosso problema é: defina projeto, defina urbano, defina área.

Já lote, não precisa definir. Nem tradição.

Valter Caldana

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