O coelho e a bazuca

Parece que o IPHAN, o mais improvável nas três instâncias que cuidam do patrimônio histórico no Brasil, abriu processo de análise de tombamento do Ibirapuera. Em última análise é, sim, um alívio.
Está temporariamente a salvo o que vinha sendo alvo de uma operação voraz e altamente deficitária ao patrimônio público do ponto de vista sistêmico e estratégico.
Mas, é também uma pena!
Uma pena??? Por que?
Por que estes processos são demorados, caros e, no seu ínterim, tudo fica congelado, não respeitosamente tombado. E, sim, isto é péssimo. Se está abatendo um coelho com um tiro de Bazuca.
Ah! Então a movimentação de amplos e diversificados setores da sociedade é culpada pela imobilidade perversa de uma enorme área da cidade (me refiro ao entorno, que também congela, não ao Conjunto em si) que tem alto potencial de investimento privado e, portanto, de geração de benefícios coletivos na economia?
NÃO!!!
Culpado é quem deixou a manutenção e o uso daquele patrimônio público de ALTO valor estratégico e econômico chegar onde chegou por pura incompetência e inação.
É quem, tendo a responsabilidade de governar priorizando o raciocínio e o interesse públicos não o fez quando deveria e, para piorar, propõe como ‘solução’ aos problemas causados um projeto equivocado do começo ao fim, eivado de subreptícias consequências nocivas.
Culpado é quem, ao se comportar deste modo, não deixou alternativa à sociedade senão recorrer a um expediente, o uso emergencial de um instrumento exagerado para o caso, para protegê-lo, liminarmente, de uma tragédia e um dano irreparável.
Foco, é preciso ter foco.
Não dá para não ver um troço deste tamanho.
Não dá para não ver que a sobreposição das metodologias e raciocínios estratégicos públicos por metodologias, modo de pensar e agir privados impressos nos programa de privatização de cunho ideológico está levando a desastres como o Anhembi, Interlagos, CEAGESP, Regional Pinheiros, etc…
Privatizar, conceder, fazer parcerias é necessário, é bom e faz parte da história de nossa cidade e nosso estado.
Mas, parceria publico privado.
Quando é privado privado ou público público, não dá certo.
E agora?
Agora, perdemos todos.
De novo.
Valter Caldana

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