Uma historieta que me marcou muito a infância.
pelos meus nove anos, morador na Cônego, eu era frequentador assíduo de uma papelaria na Teodoro, onde eu podia chegar sem atravessar a rua, portanto sem ter que ouvir e recitar todo o manual de instruções da vida urbana da dona Baccega antes de sair de casa…
Certa vez, ao comprar um segundo caderno de caligrafia em poucos dias, uma semana talvez, e não meus tradicionais desenhocopi, lápis de cor e canetinhas silvapen, o dono da papelaria, que me conhecia bem, brincou comigo, curioso… está de castigo pela letra feia?
Eu expliquei que não, que estava comprando os cadernos pois estava ensinando a empregada de casa a escrever.
O dono da papelaria, hoje sei, sensibilizado e possivelmente emocionado, não cobrou o caderno e ainda disse que todos os demais seriam grátis, bastaria levar o anterior preenchido.
Esta semana soubemos pelos jornais que temos apenas 6 a 7 porcento de analfabetos no Brasil.
Ah! A maldição dos números relativos… só 6% !! Tão pouco…
NÃO,!! São mais de 11.000.000 de concidadãos e concidadãs que não não sabem escrever!!!
Mais gente que a população de muitos países, incluindo Portugal, berço de nossa língua.
Que venha uma campanha imediata de analfabetismo zero, desta vez, no país que se diz liberal e na sociedade que se jacta por defender o Estado mínimo, patrocinada pela iniciativa privada. Como fez o dono da papelaria da Teodoro.
Analfabetismo zero já!!

Valter Caldana

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