PORQUE NÃO

Existe uma discussão importante, porém bizantina, sobre quem deve financiar a pesquisa e a produção de conhecimento. Se o Estado, ou a iniciativa privada.
Bizantina por se tratar de uma discussão acessória, secundária, que orbita em torno de uma assertiva axiomática: os países, nações e povos verdadeiramente desenvolvidos, independentes e livres, líderes mundiais, como os EUA, os países centrais europeus, o Japão e e os recém chegados ao clube Coreia do Sul e China investem maciça, pesadamente em pesquisa científica.
Considerando que o mais ignorante dos ignorantes não desconhece este axioma, mesmo que dele duvide, e considerando também que está claro para todo mundo que os confortos de que nós paulistas desfrutamos vem da hegemonia econômica que exercemos no Brasil e na América Latina.
Considerando também que é de conhecimento de todos que esta hegemonia se construiu, se mantém e se expande graças ao sistema paulista de financiamento à pesquisa, produzida por universidades e institutos e gerido pela FAPESP.
E, finalmente, considerando-se que o Estado de São Paulo está quebrado a ponto de necessitar diminuir em 1/3 as verbas destinadas à manutenção desta sua hegemonia de cujos resultados todos nós desfrutamos, pergunto:
Se elegeu um governo para abrir mão da hegemonia conquistada ao longo do século XX promovendo o desmonte sistema, ou se elegeu um governo que deve atuar para mudar o seu modelo de financiamento?
Se foi para abrir mão da hegemonia, como está parecendo, que se assuma e se comunique claramente.
Agora, se foi para mudar o modelo porém manter as benesses da hegemonia, então a operação tem que ser completa.
É necessário aprender a fazer pesquisa grande em Estado mínimo, como se acredita por aqui ser o modelo dos EUA…
Portanto, diante deste quadro, e interessado em manter a hegemonia gerada pelo volume de pesquisas produzido aqui, fica a questão/sugestão: é a FIESP quem vai inteirar o dinheiro que o governo do estado vai desviar da FAPESP?
Por que não?
Valter Caldana

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