PÚBLICO ALVO

Para mim, um dos maiores símbolos da distorção de leitura do Plano Diretor (que poderia ter sido mitigada na revisão que não houve em 2020) é um prédio na Rebouças que abriga a sede de um banco digital, moderníssimo, o zeitgeist em pessoa, todo conectado com seu tempo, com a rede e com a nuvem.
Pois é…
Além de ter seu endereço na rua transversal, talvez para aproveitar mais algumas vantagens em taxas ou coisas assim, mal sabem seus diretores, ou sabem (acho que sabem, são jovens modernos, bem formados e antenados) o ridículo que passam ao permitirem que a nesguinha de terreno que deveria ser o alargamento da calçada da Rebouças em frente ao seu prédio seja limitada por um muro alto internamente e, externamente, por umas floreiras enormes e ameaçadoras.
E mais, não para por aí, sendo o único mobiliário presente no tal espacinho contemporâneo a cadeira – tipo cadeirinha de madeira de botequim da década de 50, mas poderia ser uma de plástico branco, só que roxa – onde fica sentado o segurança que auxilia o trabalho segregador da floreira. Ah, vira e mexe eu juro ter visto também uma espécie de guarda sol, mas acho que foi uma alucinação…
Só que, fique claro, o problema maior desta situação está no texto do Plano e no zoneamento anacrônico e ridículo, muito mais do que na cadeira do segurança. Pois sempre se soube quem iria ler o texto e aplicá-lo na cidade. Seu público alvo.
Valter Caldana

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