Antigamente, nem tão, se dizia que uma parcela bastante grande da população paulistana era insensível à miséria e à dor dos miseráveis porque não a via, em função do modelo segregador de implantação e desenvolvimento urbano da cidade.
Ocorre que isto, se foi um dia, não é mais verdade há um bom tempo. Não é de hoje que nos bairros consolidados da cidade os paulistanos precisam desviar de corpos humanos espalhados pelas calçadas de seus caminhos sem bem saber se ainda estão vivos ou já mortos. Algo como um passo além da miséria. E, como é necessário desviar, não dá para dizer que não viu.
Então, me fica a pergunta, bastante ascética e asséptica: e aí?
Valter Caldana