SACOLINHAS AO VENTO

A questão que está em discussão não é a sacolinha. A questão em discussão é se nós queremos, afinal, uma cidade densa, compacta, de serviços ágeis, acessíveis a pé, os hoje famosos 15, 20 minutos, ou se queremos uma cidade espraiada onde se compra no semi atacado, se faz estoques volumosos e se vai de carro ao supermercado. Quem tem carro. (E, quem não tem, passa a precisar de um).
Por isso, a meu ver, a sacolinha não é parte do problema. Pode ser biodegradável, de papel, de pano, retornável, com rodinhas ou não, motorizada, autônoma ou não. O fato é que ela faz parte da solução.
O mesmo se aplica à capitulação no Campo de Marte. Não é dinheiro a questão ali. É a terra, é a possibilidade de cidade que se perde.
E, sim, pensar a cidade implica em pensar da sacolinha ao aeroporto.
Porém, não isoladamente como se costuma fazer. Implica entender que ambos, sacolinha e aeroporto, são indelevelmente interligados e interdependentes no projeto e na construção da qualidade de vida das pessoas. E, para alguns, isto é uma profissão.
Afinal, sacolinhas voam.

Valter Caldana

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