construir o futuro não é só superar déficits

Nossas políticas de desenvolvimento correm atrás dos déficits, mas, ainda que necessária, essa nem sempre é a forma mais adequada ou produtiva de lidar com os problemas. Por isso, precisamos agora olhar para frente e, finalmente, planejar.
Se não definirmos o que nós queremos de nós mesmos neste século, e planejarmos nossa ação, correremos o risco de andar para trás.
Este é o caso, por exemplo, do Programa Minha Casa Minha Vida.
Um programa brilhante enquanto engenharia financeira e de gestão, que cavou verbas e sistemas de financiamento bastante  inovadores na administração pública e que combateu com grande velocidade um déficit acumulado durante décadas, quase um século, fez 1.750.000 unidades e já contratou outras 1.750.000.
No entanto, indo para sua terceira versão, não se justifica mais que a questão urbana e a qualidade dos projetos não sejam colocados como protagonistas deste processo.
Não há no programa, ainda que isso já tenha sido fartamente estudado por agentes independentes, universidades e até pelo próprio ministério, elementos que garantam a mínima qualidade dos projetos a serem implantados.
Mesmo o Selo Azul da Caixa vem se mostrando insuficiente e, infelizmente, respeitá-lo não é obrigatório. Fica a critério da construtora. Assim como a própria remuneração dos projetos de engenharia, arquitetura, urbanismo e instalações.
Para se ter uma ideia, o chamado “projeto social”, de importância capital para a adequada ocupação dos imóveis construídos, tem verba pré-definida na operação de 3% do valor total do empreendimento. Já os projetos de implantação não têm verba, ficam ao sabor dos ajustes e economias feitos pelas construtoras.
Exigir e exercitar qualidade de projeto, em qualquer área, é imprescindível para construir o futuro.
Valter Caldana
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Sobre o tema desenvolvimento, segue artigo interessante publicado na revista Mackenzie.
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