Outro dia, num debate na Associação Comercial de São Paulo, alertei para o problema de estarmos vivendo dois processos distintos de discussão em São Paulo sobre o futuro da cidade.
Um, o que construiu o Plano Diretor, exemplar sob vários aspectos, principalmente pelo nível de transparência com que foi discutido desta vez, diferentemente de todas as outras vezes… Outro, o que implanta faixas, ainda que corretas em sua intencionalidade e tecnicalidade, sem a menor cerimônia.
Este urbanismo morreu, faz tempo…
Outro alerta que fiz no mesmo debate (se vê que falei demais, para variar…): em muitos casos, o que se está fazendo é apenas mudar o modal, porém se continua a pensar a cidade ainda com a cabeça rodoviarista, como no caso das faixas.
Não é só o modal que faz a diferença, mas é o desenho urbano resultante!
É a apropriação dos espaços públicos (e privados de uso público) pelo cidadão que aumenta exponencialmente a qualidade de vida, a começar pela saúde e pela segurança.
Chega de fazer ruas (neste caso, avenidas, ruas, faixas de ônibus, faixas de bicicletas, e qualquer outra faixa) sem fazer cidade…
Chega de fazer ruas sem fazer cidades!!
Por que não alargar as calçadas prioritariamente (ou simultaneamente, que seja) visto que o que é preciso é resgatá-las, retomá-las para a enorme quantidade de pessoas que ali tentam circular diariamente?
Alguém já reparou na largura da calçada da Consolação, uma das mais importantes avenidas da cidade, mesmo ao lado das saídas do metrô? E a avenida Santo Amaro, o que dizer da largura das calçadas? O que a prefeitura está esperando?
E, por favor, ao implantar faixas, mudem a cabeça, mudem a metodologia, mudem de postura: pintem a faixa e cuidem das ruas imediatamente paralelas àquela onde foi pintada a faixa, e também das transversais! Ah, sim, e lembrem-se das esquinas. São importantes as esquinas.
Isto se chama urbanismo, e eu garanto que vai custar só um pouquinho a mais de tinta, mas vai dar muito mais certo!
Alguém avisa o prefeito!
Valter Caldana