AMADOR NÃO

Não fosse tão triste e prejudicial à cidade o que está sendo feito com a legislação urbana, seria possível fazer estudos e análises super reveladoras.
Todo mundo que acompanha política sabe que a política federal e estadual são completamente diferentes da política municipal.
Nas últimas semanas foi possível ver isso com toda clareza… uma parte minoritária da bancada do PT votou no primeiro turno a favor do novo Plano Diretor, que desmancha o Plano que foi feito na gestão deles.
Aí um grande líder do partido, hoje envolvido na esfera federal com sucesso, dá uma bronca pública em quem votou. Resultado: parece que agora a maior parte da bancada do partido vai votar a favor do novo plano…
Não, não é para amadores.

Valter Caldana

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FILHOS AMANHÃ

Para entender os processos decisórios e suas consequências, e para situar o que se passa neste momento com relação aos próximos 50 anos de São Paulo.
Imagine, só por um instante, principalmente você, amigo, amiga, que como eu já estava lá, que a ponte (hoje viaduto) fosse construída do mesmo modo, trazendo Santana para São Paulo e levando São Paulo para Santana, porém todo este entorno fosse urbanizado com curso d’água tratado, solo permeável, vegetação, flora e fauna acolhidos, ambiência preservada e uso público estimulado. Isto vale para todo o vale urbano do Tietê e Pinheiros…
Só imagine.
E lembre-se de avisar os mais jovens, principalmente os que estão no poder, que a decisão que tomam hoje é a cidade dos filhos deles de amanhã, e depois de amanhã.

Valter Caldana

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IMEDIATO

A chance de que haja um surto de bom senso entre os vereadores e este novo plano diretor recém inventado seja rejeitado é mínima, claro.
A única coisa boa de tudo o que está acontecendo é a explicitude.
Não há o menor pudor ou qualquer tentativa de disfarçar que o novo Plano atende a interesses unilaterais e não a interesses coletivos.
Espero, então, que fique explícito, também, que o que importa é o Zoneamento.
Preparemo-nos, pois se a voracidade com relação ao Plano Diretor foi essa imagine o que virá na LPUOS (zoneamento), que gera efeito imediato.

Valter Caldana

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OPÇÃO

O maior problema do substitutivo do PDE aprovado é o fato de que ele altera radicalmente a estrutura de desenvolvimento urbano que se esperava vigoraria na cidade até 2030. Além de tudo, ao inverter prioridades, abala a estabilidade jurídica, sempre tão necessária.
O que deveria ser uma revisão, que já estava pálida, para corrigir distorções visíveis a olho nu e reafirmar as diretrizes do plano em vigor se tornou o contrário disto.
Agrava fortemente as distorções que já ocorrem, cria novas distorções e inverte diretrizes que já começavam a surtir efeito.
Pior, comete implícita e explicitamente o estrondoso equívoco de reintroduzir a visão ultrapassada em todas as cidades com a mesma importância que São Paulo ainda tem, de considerar a cidade como resultado da ação de dois únicos agentes: o poder público e o setor do mercado imobiliário ligado aos lançamentos de imóveis novos para as classes médias e alta.
A cidade é muito mais do que isso. A cidade não é resultado, é resultante. Resultante da ação de dezenas, centenas de agentes, grupos e segmentos sociais. Inclusive outros segmentos do próprio mercado imobiliário e também da cadeia completa da construção civil.
A cidade é um pacto da sociedade consigo mesma. O plano é apenas o documento de formalização deste pacto.
Não me canso de dizer que o maior problema do Marco Regulatório em São Paulo é o Zoneamento, não é o Plano Diretor.
Pois o que foi feito traz os problemas do zoneamento para dentro do plano, quando deveria ser o contrário.
Ao invés do plano induzir uma melhora e uma atualização no zoneamento, desvínculando-o da visão lote a lote que encarece fortemente o preço da terra na cidade (origem de todos os problemas ligados à desigualdade e à segregacao, tais como o trânsito, a violência e a insegurança), esta revisão aprovada traz definitivamente esta visão anacrônica e ineficiente do nosso 50tenário zoneamento para dentro do plano, potencializando as distorções e agravando fortemente, no curto e no longo prazo, os problemas estruturais da cidade.
Ou seja, a ser mantido como está, este novo plano será um marco na história da cidade.
Será plano que desmanchou, demoliu, a cidade da classe media como se conhece e colocou no lugar algo que não se sabe onde vai dar, (mas, sim, se sabe e não é bom), pois os dados apresentados são escassos, parciais e insuficientes.
E continua, o Plano, não contemplando a cidade em consolidação e não consolidada, uma prioridade que, mais uma vez, é ignorada, como se não existisse.
Medidas simples de correção das distorções, sobretudo no que tange às cotas (ambiental, parte e solidariedade) não avançaram. O PIU, a necessidade de que haja projetos para além dos planos, foi atropelada e cancelada.
A criação de um sistema municipal de monitoramento do Plano e de sua relação com o Plano de Mestas e com o Orçamento, nem pensar…
Enfim, São Paulo vai definitivamente abrindo mão de ser uma cidade importante na rede mundial de cidades no século XXI.
Que fique claro que, sendo o prefeito e os vereadores eleitos em eleições diretas e livres, isto não é uma fatalidade. É uma opção.

Valter Caldana

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NA MESMA

A virada cultural foi um projeto maravilhoso que propôs a reconciliação entre cidade, cidadão e cidadania. De projeto se tornou uma ação eficaz e assim fez por alguns anos.
Além disso, desta imprescindível reconciliação, a virada, se mantida e ampliada, poderia ser um marco da cidade que nos colaria na agenda de eventos mundiais, algo como algumas maratonas, sua percussora a nuit blanche, o Carnaval do Rio, Salvador ou Olinda e Recife, etc. trazendo emprego, renda, dinheiro, esta língua que ate os mais refratários à cidade, ao cidadão e à cidadania entendem.
Em vez disso, o que foi feito?
O que sempre se faz.
Não se perdeu a oportunidade, que nunca se perde, de estragar tudo.
Virada a página, fiquemos na mesma.

Valter Caldana

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