||||||| \ | DEBATENDO

A virada cultural foi um projeto maravilhoso que propôs a reconciliação entre cidade, cidadão e cidadania. De projeto se tornou uma ação eficaz e assim fez por alguns anos.

Além disso, desta imprescindível reconciliação, a virada, se mantida e ampliada, poderia ser um marco da cidade que nos colaria na agenda de eventos mundiais, algo como algumas maratonas, sua percussora a nuit blanche, o Carnaval do Rio, Salvador ou Olinda e Recife, etc. trazendo emprego, renda, dinheiro, esta língua que ate os mais refratários à cidade, ao cidadão e à cidadania entendem.

Em vez disso, o que foi feito?

O que sempre se faz.

Não se perdeu a oportunidade, que nunca se perde, de estragar tudo.

Virada a página, fiquemos na mesma.

A Câmara segue inovando. Depois de colocar grades na casa do povo há alguns anos, entre outras novidades, agora eles criaram a Zona Franca Urbana. Risos…

Não, não é uma área da cidade onde só se possa usar de franqueza nas relações humanas. É uma área da cidade onde não há Lei. Onde a Lei não se aplica.

Ué, é terra de ninguém??!! Não! É de quem comprar.

Mas, a inovação não está nisso… A inovação está no uso da mais completa transparência e didatismo impostos na operacionalização da correlação de forças hegemônica no poder e a cidadania.

Pura franqueza.

Vamos lá, um pequeno esforço de raciocínio a partir de observação e prática (para os iniciados, parece que isso se chama tirocínio).

Qual parte do

“Durante 20 anos (Fhc/Dilma) nós construímos um lindo castelo sem fundações, deixamos 50% de fora dele (principalmente na hora de escolher os interiores) como se não existissem (simplesmente não foram notados!!!l) e perdemos tudo o que foi feito (e não era pouco) numa simples (ainda que intensa) batalha de comunicação”

ainda não deu para entender?

“Sim, já está mais do que na hora de acabar com a polarização no Brasil.”

Esta frase, a meu ver, tem (no mínimo, sempre) duas possibilidades de compreensão.

A primeira, que parte do princípio de que a polarização é uma excepcionalidade, algo que nunca houve no Brasil e que se instalou como uma condição transitória, temporária, conjuntural. E que se pode – e deve – acabar com ela.

A segunda, que parte do princípio de que a polarização no Brasil sempre houve, é permanente e estrutural (como em todo o planeta e em toda a história da humanidade) e que insistir em que a mesma deve acabar é um simples esforço retórico e comunicacional para desviar o foco das atenções e das análises sobre a conjuntura do país.

Como sempre digo, quando se tem duas possibilidades, se tem, necessariamente, uma terceira, a junção das duas, e uma quarta, a dupla negação, e todas as suas combinações.

De objetivo, para mim, resta apenas uma coisa.

É chegada a hora de parar de falar em bolsonarismo e nominar a extrema direita com seu nome de família e de batismo – extrema direita – para que, ao menos, se saiba com quais agentes políticos se está lidando.

É necessário, inclusive, para preservar a identidade e a dignidade da direita e da centro direita, sempre hegemônicas no Brasil desde 1889.

E cabe aos jornais, sobretudo os jornalões, pararem de confundir e polarizar.

Sem polarização.