Feliz 2050

Cada vez mais brasileiros, segundo a imprensa e institutos de pesquisa, estão utilizando restos de madeira e papel para fazer fogo em suas residências para aquecer água, cozinhar e banhar.

Diante deste tipo de coisa, que parecia distante mas que não é nenhuma novidade por aqui, nós, 50tões, 50tonas, 60tões e 60tonas, não temos dois direitos, que a vida já consumiu.

. Fingir que não sabemos.
. Não contar o que se sabemos.

Por exemplo, não temos o direito de fingir que não sabemos que tudo explodiu, que ainda vai piorar bem mais e que vai demorar muito, mas muito mesmo para reconstruir o país (em outras bases).

Tampouco temos o direito de não avisar isso aos mais jovens, em especial 30/40tões e 30/40tonas, alertando, no entanto, que se é verdade que vão ter muito trabalho, lá adiante haverá um outro período de avanço. Espera-se que, se aprenderem com nossos erros e acertos, mais sólido e duradouro.

Quantitativamente, podemos dizer que a turma de 1946 segurou a onda 18 anos. Nós, a turma de 1985, seguramos 30 anos, quase o dobro. Quem sabe a próxima turma  conseguirá segurar 50 anos, talvez 60 …

Bem, tudo isso para dizer que o réveillon de 2050 tem tudo para ser maravilhoso!

Valter Caldana

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Direita, vou ver?

As manifestações da direita old fashion republicana esta semana, a propósito de aniversário de um ano da invasão do Congresso norte-americano por eleitores, também de direita e republicanos, de Donald Trump colocou alguma luz sobre algo de que pouco se tem falado.

Como se ouviu e se leu a parti do posicionamento de lideranças como Bloomberg, há uma feroz disputa de poder nas hostes do partido com fortes reflexos na sociedade. E, parece, tanto lá quanto cá os obscurantistas estão ganhando de lavada.

A diferença, tudo indica, é que lá a direita old fashion – humanista e com solidez ideológica – tem responsabilidade, projeto coletivo, a Democracia (liberal burguesa) como valor inalienável, a dimensão do brutal erro cometido e, pelo visto, não capitulou às benesses do poder a qualquer custo.

Já aqui, fico me perguntando se vamos ver…

Valter Caldana

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DOT ou DOD

Do desenvolvimento orientado pelo transporte ao desenvolvimento obrigado pela ‘origem-destino’.
A diferença entre ambos é que enquanto um, o desenvolvimento orientado pelo transporte – DOT faz cidade, o outro, o desenvolvimento obrigado pela pesquisa origem-destino – DOD, corre atrás.

Valter Caldana

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Ainda sobre Marte

Um amigo considera que, ao fim e ao cabo, melhor mesmo que o Campo de Marte fique com o governo federal.
É uma visão necessária. Quando ele comentou isso, escrevi algumas considerações para avançarmos na conversa.

Caro,

Interessante e importante este seu texto!
Cheguei a trilhar este caminho inicialmente, inclusive como tentativa de aplacar um pouco a sensação de desesperança gerada em mim por um erro tão primário e estratégico como esta negociação e o que ela significa para o futuro da cidade. Pensei eu – cheguei a escrever – ao menos, que fique tudo como está, menos mal. O futuro – melhor que hoje – dirá o que virá e, lá adiante, quando tiver que recomprar partes da área, não será a primeira vez que a cidade pagará duas ou três vezes para ter o que lhe pertence de direito.

Mas, … oh três letrinhas de esperanças e desesperanças, o Campo de Marte está agora sujeito a dois programas, o de privatização de áreas e imóveis públicos federais e o de aeródromos e aeroportos.

Sem entrar no mérito destes dois programas, pois não é o assunto aqui, o que se passa é que em ambas as possibilidades o destino da área no curto prazo terá enorme impacto sobre São Paulo e a Região Metropolitana, em especial negócios e arrecadação, mobilidade, habitação, saneamento e meio ambiente, sem que o município – agentes públicos e privados – tenha a possibilidade de atuar de maneira coordenada ou agregando valor.

A possibilidade maior, ao que parece, é fazer alterações na rampa de acesso à pista no curtíssimo prazo para já aumentar o gabarito nos cones de aproximação, o que alivia a pressão vinda de uma parcela do mercado imobiliário, e libera a disputa interna federal que haverá em torno do que fazer com a pista. A tendência é simplesmente passá-la nos cobres sem agregação de valor, e vendê-la no atacado (outro erro) como foi muito bem apontado por você, com a gleba na Barra Funda.

A tristeza continua com a constatação de que as três esferas de governo são impenetráveis para a ideia de que terra pública tem valor de face diferente do seu valor estratégico e eles não conseguem enxergar a extensão dos valores agregados a este tipo de patrimônio. E vão dilapidando como quem mata diariamente galinhas dos ovos de ouro, come os ovos que tinha e ainda por cima quebra os dentes.

Desculpe a resposta longa, sobretudo hoje, dia de festa, mas tomei a liberdade.
Aproveito para mandar um beijo para vocês e feliz 2022!!! ”</p

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Geometria no rolete

ou que não entre quem não for geômetra

Não é de hoje que venho dizendo que o Brasil paga caro por conhecer pouco, muito pouco ou quase nada de geometria.

Já há um ano que a turma que elegeu o presidente por ação e/ou omissão está insistindo na história da terceira via. É a sua forma sutil de pedir desculpas pelo que fizeram. É uma espécie de promessa de que não vão cometer o erro de não eleger o Alkimin (vixe, agora complicou), ou o Meirelles, ou o Amoedo e terem preferido explicitamente eleger o presidente e seus valores e promessas.

É interessante ver como neste discurso cenário da terceira via, bastante bem aceito neste grupo de eleitores ativos e passivos do presidente, há um pressuposto subentendido de que esta candidatura seria de centro, o que traz uma certa autoindulgência e uma autoconfirmação do discurso de que ‘na outra eu fui Inganado, pois eu sou de centro e liberal’.

Bem, se fôssemos melhor versados ou letrados em geometria, mesmo a plana euclideana, mais simplesinha, deixemos platonismos de lado, saberíamos que o meio e o centro não são a mesma coisa.

Saberíamos mais. Saberíamos que uma terceira via que se situe entre duas outras não tem absolutamente nenhuma relação nem com o meio, e muito menos com o centro.
Para que se encontre o meio, é preciso definir quais são as pontas. E, depois, para verificar se o meio é o centro, é preciso que se defina o universo (no caso a própria política), o conjunto onde se situam as pontas. Aí daria para verificar se, veja bem, se o meio é no centro…

Aparentemente, smj, terceira via que se desenha vem se firmando como um esforço hercúleo, comovente, porém até o momento (a menos de um ano da eleição) infrutífero da direita e da centro direita encontrarem uma alternativa que, ao menos, cubra com um pano quente (já que fechar não dá mais) a caixa de pandora que abriram sem dó nem piedade ou prudência na última eleição presidencial.

Ou seja, se fôssemos mais equipados em conhecimentos geométricos saberíamos que a terceira via não é de centro, é de direita e liberal. E, mais, saberíamos que isto não seria um problema, certamente, se fosse explicitado e enunciado claramente para a sociedade.

O problema nasce, na verdade continua, quando tenta se mostrar como o que não é. O que, como se vê no Brasil, é fácil e encontra plateia ávida por ser enganada. Mas, se mostra um grande problema logo em seguida. Trata-se aqui de uma equação que já ganhou status de teorema e vem, dramaticamente, se transformando num axioma.

Não obstante, neste contexto, retornando o foco à terceira via e seu geoposicionamento, o resultado disso tudo é que nenhuma candidatura desta via empolgou até agora. Pode até aparecer um ator, apresentador de TV, figura caricata ou coisa parecida que ocupe a vaga e empolgue eleitoralmente, incensado pelo momento, pelos meios de comunicação (que, afinal, são os tambores que difundem estas versões) ou por estruturas perversas de grupos de zapzap ou “fake news”. Mas, parece cada dia mais difícil.

Donde, está me parecendo que esta conversa toda de terceira via esteja se tornando apenas uma etapa de um diagrama de passos, protocolar, a ser cumprida para que estes eleitores do presidente possam declarar a si mesmos e aos seus, em alto e bom sussurro docemente constrangido que “se não tem tu, vai tu mesmo”. Com isso engrossando o caldo da sua reeleição.

Uma etapa importante para que possam jactar-se de seu límpido, profundo e complexo posicionamento, sintetizado na expressão máxima da política urbana nacional, como já se viu outras vezes: “nestes dois aí não voto mesmo!” Axioma que tem como corolário… bem, mmmmm, olhe pela janela (ou pela boca da caverna) e veja em volta de si o corolário. Mas, olhe de olhos abertos.

Ou seja, no Brasil, nestes quatro anos, tudo mudou.
Mas, nada mudou.
A hipotenusa continua sendo menor do que a soma dos catetos, que continuam sendo a preferência nacional. Mesmo que seja no centro do rolete.
Ou, lá mesmo.

Valter Caldana

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