Enquanto seu lobo não vem…

Está cada dia mais difícil ouvir este papo de “por um Brasil melhor” com Temer presidente, Serra e Roseana no ministério, Renan e Cunha poupados, nenhuma das denúncias correlatas descobertas na lava a jato investigadas, isso tudo a partir de um processo de impeachment comandado por um deputado réu e analisado por uma comissão de parlamentares na qual 65% deles também responde a processos por improbidade.

Ou concordam com isso, inclusive com o pastelão e a pitiçona que se seguirá ao impeachment, e, adianto, esta é uma posição legítima e respeitável, desde que transparente, ou então, sei lá!

De minha parte continuo achando que perdemos a chance de separar as investigações da petrobras (e de tudo o que se descobriu nas investigações) da questão político-partidária-eleitoral, assim como do desempenho do governo e, então, fortalecer incrivelmente nossa Democracia e consolidar nossa posição no cenário mundial. Fizemos o contrário.

Na minha tosca opinião eram, e são, coisas separadas. Resultado da eleição, desempenho do governo e apuração de corrupção têm tempos diferentes, agentes diferentes, objetivos diferentes.

É incrível a quantidade de conversas com amigos que se iniciam com o tradicional “mas que coisa hein… a corrupção chegou a níveis insuportáveis!” e que continuam com um “pois é, o PT destruiu o Estado ao colocar a corrupção como instrumento de gestão política e econômica” para terminar com um sonoro “mas também, para acabar com a incompetência deste governo, não há como não ser a favor do impeachment”.

Ao misturar tudo e tentar resolver tudo ao mesmo tempo (com um só golpe? risos) o que se conseguiu foi cair numa enorme armadilha, alimentar o mais baixo jogo do poder e colocar os lobos para cuidar do galinheiro.

Ao se avançar no impedimento da Presidente o que se vai conseguir é arrumar um bode expiatório e tirar a única peça do tabuleiro que impede o acordão a que estamos sempre submetidos e que faz com que as figuras que povoam o noticiário político e policial sejam exatamente as mesmas há 30 anos, à exceção de Dilma e de Cunha, ela uma funcionária militante obscura que ascendeu na falta de lideranças críveis em suas hostes e ele um outsider arrivista que manipula como poucos as informações que detém.

Valter Caldana

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