Quanto à defesa deste governo, serei mais breve. Respeito-o como governo eleito, lamento o caminho e os rumos que tomou. Se o apoio? Digo a você que não.
Eu teria dificuldades em apoiar incondicionalmente um governo que faz o rdc, a mp 700, que dá seguidas mancadas na questão ambiental, insiste em não assumir a importância do projeto no mcmv, não propõe uma revolução na educação fundamental e, sobretudo, dá um cavalo de pau no seu rumo pós eleição sem explicar com todas as letras para a sociedade por que está fazendo isso…
Se apoio muitas medidas e programas que leva adiante? Sim, indiscutivelmente.
Não obstante, reafirmo que o pt não é nem meu problema, muito menos minha prioridade. Minha questão continua sendo: diante da indisfarçável e inadiável crise política e social (mais que a econômica) a que finalmente chegamos, delenda pt é a proposta?! É a sua resposta?
Mas respeito uma presidente (bem mais que ao seu governo) que enfrentou (e perdeu) a questão dos juros, que enfrentou (e perdeu) o cerco que os políticos profissionais impõem ao poder central, que tentou (e perdeu) alterar o sistema político ouvindo a população, que tentou (e vai perder) enfrentar a corrupção endêmica na qual acabou se afogando, inclusive por não ter sabido construir apoios na sociedade. Sabe por que a respeito? Por que nunca tinha visto ninguém tentar fazer isso. Nem que fosse para perder.
Se ela fez isso de modo atabalhoado, incompetente, posto que perdeu, eu continuo me perguntando: perdeu para quem? E respondo para mim mesmo: Perdeu em primeiro lugar para ela mesma, certamente. Mas perdeu também para todos os que não têm o menor interesse em que estas questões sejam superadas, com ou sem competência. Mais uma vez, como sempre, perdemos nós.
Valter Caldana