Quando se privatiza o Estado é natural (aceitável?) que ele se torne um balcão de negócios. É, portanto, de se esperar que o espírito público seja substituído pelo pensar privado.
Aqui neste nosso encantado cestinho de mundo se confunde bastante Estado mínimo com intervenção mínima, além de se confundir também comumente intervenção com interferência.
Nos EUA, por exemplo, a presença do Estado na economia (e na C&T e na P&D) é bastante grande. O Estado é um dos maiores compradores em diversos setores, de armamentos à alimentos, de serviços à obras.
Exatamente por isto o que fazem os americanos, prioritariamente, não é cuidar para que o Estado seja mínimo (isto eles cobram do resto do mundo), mas é cuidar para que seja mínima a promiscuidade entre o público e o privado, entre o próprio Estado e as corporações.
O PAC (e a Copa, e os Jogos), aqui, poderia ter sido um exemplo disto. No entanto, nasceu e cresceu sob o manto das relações viciadas e incestuosas entre o Estado e as empreiteiras, penalizando mais uma vez a sociedade que além de pagar várias vezes pelo mesmo, ainda assim é mal atendida.
O objeto central, portanto, não é ser contra ou a favor as múltiplas modalidades de parceria entre o público e o provado. O objeto central é saber construir mecanismos públicos de controle desta relação.
Valter Caldana