Um julgamento onde se sabe qual a posição de cada jurado antes mesmo da leitura dos autos ou onde o seu condutor declara que não há limites para o que se julga não é um julgamento, é uma farsa.
Ainda que se concorde que o julgamento do impeachment é político e não jurídico, onde é que isso torna aceitável para nós, cidadãos, que ele seja injusto?
Onde se torna admissível para nós, cidadãos, que o juri possa ser, na melhor das hipóteses, tão bandido quanto o bandido em questão?
Ou a ideia implícita é que se é político então é desonesto, injusto e vale tudo?
É disso que se trata. É isso que nos desmoraliza a todos e não apenas àqueles que já se desmoralizaram a si mesmos e que seriam facilmente apeados do poder pelo rito proposto pelas regras democráticas.
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País sério com instituições fortes e Democracia consistente tem mecanismos para atenuar e aguentar governo ruim.
E, neste nosso caso, nem sequer se tem ainda clareza em que este governo é ruim, apesar de todos concordarmos que, sim, ele é muito ruim.*
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* Dispensados todos os posts explicando por que este governo é ruim, uma vez que, como eu disse, isto é uma unanimidade por aqui. Ninguém defende este governo.
As posições antagônicas aqui dizem respeito a como se pretende combatê-lo: se é fazendo política no Congresso, nas urnas municipais em 2016, na preparação de uma memorável campanha para as eleições gerais de 2018, ou se derrubando-o custe o que custar (mesmo!) “por que assim não dá mais para aguentar”.
Valter Caldana