Pedir diretas já, principalmente se for apenas para presidente da república, é falta de assunto ou do que exigir…
É a reiteração deste sistema inexistente que o Brasil inventou que se poderia chamar de “parlamentarismo presidencial” ou “presidencial parlamentarismo” (talvez mais justo).
Ou seja, derruba-se presidente como se fosse primeiro ministro, só que sem a recíproca possibilidade de dissolução do parlamento diante do impasse político. E sem a figura magistral do presidente (ou do rei, ou da rainha) para exercer o poder moderador, sua principal tarefa, já que o mesmo terá acabado de cair e seu sucessor será sempre um refém do mesmo parlamento que derrubou o titular.
Bem, se é para inovar (já que chamar o povo mesmo ninguém quer pois para isto deveria ser feito um pacto pró Brasil entre os políticos e uma Assembleia Constituinte convocada) que se exija então eleições gerais, presidência e parlamento, e inauguremos de fato este nosso novo sistema.
Assim, toda vez que um presidente for impichado pelo conjunto da obra o congresso é automaticamente dissolvido e eleições gerais são convocadas.
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Chamar eleições apenas presidenciais desta forma seria só mais uma jabuticaba nesta jaboticabeira já repleta. Outro jabuti na árvore.
Seja como for, confirma este desejo irrefreável por soluções parciais, mal costuradas e de simples aparência. Mais um acordão, outro tapetão com ares de democrático. Ou seja, é a boa e velha opção pela gambiarra que se faz presente, como sempre.
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Não estamos diante de problemas conjunturais. Nossos problemas políticos são estruturais. Acabou a transição, o sistema político que nos trouxe até aqui, com suas vitórias e derrotas, se exauriu, apodreceu, caducou, se corrompeu, entrou em colapso. Neste quadro nossas opções são inexistentes. Basta ver, de novo, o espetáculo dantesco das alianças eleitorais, mesmo em uma eleição municipal!!
Não se trata mais, está mais que óbvio, de rearranjar os pedaços deste mosaico, trata-se de exigir uma reformulação plena de todo o sistema político e do pacto federativo, que nos permitirá construir um novo sistema político, fazer a reforma tributária e do consequente sistema de distribuição de riquezas (e responsabilidades).
Chama o povo, meu povo!!
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Em tempo: mas, usando a mesma lógica do impeachment “pelo conjunto da obra”, pelo conjunto da obra eleições diretas já é obviamente uma solução melhor que um temerário governo que quer fazer alterações estruturais (e não conjunturais) sem ter sido eleito para isso.
Valter Caldana