O titulo em um primeiro momento parece antagônico com toda onda de escândalos e corrupção que infelizmente temos assistido diariamente através da imprensa ou ate mesmo dos fatos de nosso dia a dia. Nos últimos 16 anos no Brasil, tradicionalmente ao termino dos primeiros 12 meses de um novo governo federal acontece uma reforma ministerial onde são feitos ajustes conforme o desempenho dos ministros (poucos casos) e adequações politicas para atender necessidades momentâneas, necessidades estas que pouco contribuem para o desenvolvimento do país no longo prazo.
O que vem ocorrendo ao longo de 2011 é que esta reforma vem acontecendo “espontaneamente” através dos erros, equívocos e atos de corrupção de alguns ministros e/ou assessores, lembrando que os mesmos vieram da “herança maldita” do ex- presidente Lula, ou seja, diversos ministros e indicações que a atual presidente se viu obrigada a aceitar ou acatar vindas do seu padrinho politico ou em nome de uma suposta “governabilidade” e que felizmente caíram ao longo de 2011. Um aspecto extremamente favorável para a atual presidente é que ela não precisou sofrer o desgaste politico da mudança ministerial, ou seja, ainda existe um espaço para ajustes ministeriais ao final deste ano, onde resta saber quais serão os critérios utilizados para estes ajustes.
Além deste cenário de mudança ministerial outra decisão crucial que esta nas “mãos” da atual presidente, e que pode mudar definitivamente o futuro do Brasil, está na nomeação dos presidentes das agencias reguladoras. Lembrando que estas agências reguladoras (ANP, ANAC, ANATEL, ANEEL, ANS, ANTT, ANTAQ, ANA) foram concebidas sob o conceito de funcionamento independente e com autonomia de regular diversos setores da economia privatizados ou não. Desperdiçamos muitos anos nomeando pessoas sem a menor competência para desempenhar estas atribuições e agora o país tem novamente uma oportunidade de correção.
Ao longo de 2011 algumas escolhas foram feitas (ANATEL, ANAC), porém teremos capítulos importantes nas escolhas dos próximos meses. Ao longo destas escolhas poderemos realmente conhecer qual será o futuro do Brasil desejado pela atual presidente.
Agência Nacional de Telecomunicações – ANATEL
Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL
Agência Nacional do Petróleo – ANP
Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS
Agência Nacional de Águas – ANA
Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT
Agência Nacional de Transportes Aquaviários – ANTAQ
Muito boas as considerações acima, tanto no artigo quanto no comentário.
Gostaria apenas de acrescentar que com o desmonte do aparelho de estado – em todo o ocidente – na década de 90, e sua consequente privatização, nós não apenas trasnformamos cidadãos em consumidores.
O que se pretendeu com aquela operação “delenda cartago (estado)” foi exatamente isso que estamos enfrentando: estados fracos, privatizados do ponto de vista conceitual e processual e a farra do boi dos mercados.
Ora, num ambiente privado o que se tem como prática é o legítimo jogo de negócios… Se este foi para dentro do Estado, lá ele se instala.
Simplificando: nada mais previsível que o aparelho de estado, uma vez privatizado, se transforme num balcão de negócios.
O que estamos assistindo daqui – de uma maneira assustadoramente confortável, diga-se de passagem, graças à nossa herança capitalista monopolista de estado que o PT tão bem soube explorar e recolocar em pauta – é um enorme esforço de Obama, Sarkozy e Merkel (nem sei se nesta ordem) de recuperar a força do estado e seu papel protagonista na formulação e na aplicação de políticas públicas, das quais a econômica é, sem dúvida, a mais importante.
E, não é de se estranhar que venha da Inglaterra de Margareth Tatcher a reação mais negativa.
Espero que consigam…
Wagner!
Acredito ter sido muito oportuno o conteúdo de seu artigo. Há muito também venho notando que grande parte destas quedas ministeriais dizem respeito à época de governo do presidente Lula. Este entrará para a História do Brasil talvez como o principal líder de nossa nação. Não quero polemizar aqui se ele é merecedor ou não deste título, mas gostaria de destacar que:
1 – em seu Governo havia, sim, um grau de corrupção acima do suportável
2 – evidente que ele sabia
3 – não se justifica manter estas máfias ativas em nome da “governabilidade”. A presidente Dilma, coerente e corajosa, está provando isso.
Em tempo: cargos ministeriais e presidentes de estatais ou agências reguladoras, na esmagadora maioria dos países, à semelhança do Brasil, são cargos loteados politicamente. Mal necessário da democracia. Cabe ao nomeado montar e liderar uma boa equipe de técnicos e realizar uma boa gestão….