Muito bom.
Aprovada a reforma trabalhista.
Ouvi dizer que os senadores não puderam propor alterações, nem emendas, nem destaques. Não entendi bem mas entendi que não faria diferença. E não viria, como não veio, ao caso.
Mas, fico me perguntando…
Agora que perdemos a chance de discutir e diferenciar o que é o trabalho no século XXI, e qual sua natureza e quais suas modalidades e necessidades… quais as diferenças entre trabalho eminentemente braçal e trabalho essencialmente intelectual, entre sindicatos e corporações, entre proteção aos mais vulneráveis e amarras ao desenvolvimento, enfim, tantas coisas importantes, algumas até inéditas e inovadoras… agora que perdemos a chance de diferenciar o que é o trabalho alienado do que seja o trabalho empreendedor, incentivando um e superando o outro… agora que perdemos a chance de diferenciar direitos e deveres de acordo com o nível de faturamento, velocidade da taxa interna de retorno do investimento, valor agregado do produto ou serviço e a quantidade de mão de obra empregada, entre outros critérios que não passam nem perto da folha de pagamento… agora que perdemos a chance de reconhecer que uma parcela da população economicamente ativa, sobretudo no setor terciário, não tem há décadas nenhum tipo de garantia trabalhista (os autônomos de qualquer área ou galardão, por ex.) e que perdemos a chance de entender que quem precisava das garantias trabalhistas tradicionais era a parcela da população que realmente mais precisa… e que, por fim, trocamos está oportunidade e todas estas chances e todas estas possibilidades de avanço real e produtivo por uma reforma retrógrada e lesiva aos mais vulneráveis, dando um poder descomunal e descontrolado a um único lado da relação capital trabalho sem passar nem perto de tocar nos problemas que efetivamente corrompem e dificultam as relações de emprego no Brasil, como é que devemos nos sentir?
Como você se sente?
Valter Caldana