Uma das coisas fascinantes de minha profissão é a eterna obrigação a que me submeto cotidianamente de compreender o outro, pouco importando se com ele concordo ou não.
Uma coisa que se deve aprender com a prática profissional é que sem esta compreensão de nada adiantariam nossos conhecimentos técnicos e menos ainda nossas convicções.
Sem ter plena compreensão do outro e seus motivos nossas convicções tampouco poderiam ser materializadas, pois não teriam terreno fértil para semear, fecundar.
De nada adianta projetar para si ou para iguais. O desafio está na diferença, está em manipular a dúvida, enfrentar a discordância, encontrar o caminho da transformação, da ação transformadora.
O instigante, o gostoso, não é jogar em casa, é jogar no campo do outro, para além da sua própria fronteira. É aprender outra língua, gostar outro gosto. É se manter aquecido no exercício pleno de sua capacidade de crítica, auto crítica, de convencimento e transformação. E se manter íntegro.
Não se projeta para o espelho, nem para o umbigo.
Arquitetura e Urbanismo é arte. É arte coletiva. É troca.
Valter Caldana