À sorrelfa

ou de como trocar um projeto de país por um projeto de poder

É sempre bom lembrar que de 1982 a 1986, período em que nossa geração que tem hoje uns 50 e uns pegou a rabeirinha de um projeto de país, Brizola fez os CIEPs no Rio (Darcy, Oscar e tantos) e Montoro praticamente zerou (!!!) o déficit de vagas em São Paulo (Conesp-FDE Mayumi João Honório e tantos). Me lembro dele falando ‘resolvemos as vagas, agora é garantir a qualidade’.

E olhe que fizeram isto mesmo em um ambiente político pouco propício (tecnicamente ainda uma ditadura, ou regime “forte”) e no início da verdadeira maior crise econômica recente, sob o manto da hiperinflação que se avizinhava e da crise da dívida externa que se armava para explodir poucos anos depois.

Foi no momento em que o projeto de país foi substituído por um projeto econômico (inicialmente forçado pela explosão das duas crises simultaneamente – dívida e demanda) e logo depois, à sorrelfa, quando ambos foram trocados pela submissão subserviente ao economês, ao financismo e ao rentismo exacerbados associados confortável e despudoradamente à corrupção pmdbista herdada dos porões da burocracia ditatorial que tudo desandou.

Ou não nos lembramos mais da famosa frase síntese deste período “quebrei um banco, mas elegi meu sucessor”?

É importante termos clareza que aquele foi o ponto de inflexão que nos trouxe até esta situação insustentável em que estamos. Momento ao qual se seguiram os sucessivos governos de um pmdb já dominado pelo que havia de mais podre na máquina administrativa e na estrutura política do Brasil profundo.

Podre e habilidoso o suficiente para fazer com que os jovens psdb e pt fossem comer em suas mãos como patinhos famintos, o que vêm fazendo até hoje.

E achando que estão abafando, tadinhos.

Ai de nós!

Valter Caldana

This entry was posted in cotidiano. Bookmark the permalink.

Deixe uma resposta